O ciclo Serões Musicais no Palácio da Pena, que começa no sábado, aborda “os aspetos mais intimistas da música romântica e contextualiza-a”, disse à agência Lusa o seu diretor artístico, o maestro e violetista Massimo Mazzeo. “O ciclo, como o demonstra o programa de recitais, aborda a música romântica nos seus aspetos mais intimistas, nomeadamente uma vertente instrumental com música pianística”, disse Massimo Mazzeo, que destacou o concerto de encerramento, no dia 25, um recital de ‘lieder’ (canções com acompanhamento de piano) intitulado “Johannes Brahms: a bela Magelone”, “que é o género mais intimo e evocativo do romantismo”.

O recital é protagonizado pelo barítono Christian Hilz, acompanhado pela pianista Tatiana Korsunskaya, sendo narradora a atriz Lígia Roque. Johannes Brahms compôs “Romanzen aus L. Tiecks Magelone” entre 1861 e 1869, tendo escolhido o romance “Die schöne Magelone”, de Ludwig Tieck, baseado numa história popular que narra as proezas do cavaleiro andante provençal Peter e o seu amor pela bela donzela Magelone. “Seguindo uma tradição iniciada pelo próprio Brahms e pelo barítono Julius Stockhausen, a quem a obra foi dedicada, as canções serão ligadas pela narração que resume o enredo do romance”, explicou Mazzeo.

Os Serões na Pena destacam dois artistas plásticos, Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) e Alfredo Keil, que além de compositor, autor do Hino Nacional e da ópera “Dona Branca”, entre outras composições, foi também pintor, fotógrafo e poeta, e residiu em Sintra. O pianista Vasco Dantas abre o ciclo no sábado, com o recital “As peregrinações musicais de Franz Liszt (1811-1886)”.

“Para este recital escolhi um repertório que revela variedades musicais do compositor Franz Liszt, incluindo diversas transcrições suas de obras de outros compositores, combinadas com música original da sua autoria. Entre as suas obras originais escolhi os ‘Tre Sonetti del Petrarca’, três maravilhosas peças escritas durante uma das suas viagens por Itália”, explica no programa o pianista.

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O pianista de 24 anos é licenciado pelo Royal College of Music, de Londres, onde foi aluno de Dmitri Alexeev e Niel Immelman, e iniciará o recital com transcrições de obras de Bach, o “Prelúdio em Fuga”, de Schubert, duas canções (‘lieder’), e de Wagner, a cena final de uma da ópera “Tristão e Isolda”, para além dos “Tre Sonetti del Petrarca”, encerrando a sua prestação com “Rapsódia Espanhola”, também de Liszt. “Os dois concertos centrais do ciclo são dedicados a compositores portugueses ou sobre o ambiente musical que se desenvolveu em Portugal do século XIX”, disse Mazzeo, referindo-se ao recital do dia 11, “Bordalo Pinheiro: um mosaico da vida musical de Lisboa”, e ao do dia 18 “Alfredo Keil: da pintura à música”.

O responsável referiu-se a Bordallo Pinheiro, ceramista e caricaturista, como “homem de cultura em todos os aspetos” e que “foi um grande frequentador de uma vida cultural intensa, e apreciador de um determinado tipo de propostas musicais”. Este recital é protagonizado pela soprano Ana Franco, a meio-soprano Cátia Moreso, o tenor João Cipriano Martins e o baixo Nuno Dias, acompanhados pelo violinista Pedro Meireles e o pianista e maestro João Paulo Santos, cujas qualidades artísticas Mazzeo realçou.

Do programa fazem parte, entre outras, peças de Carlos Gomes, “Invocação de Il Guarany”, Augusto Machado, “Couplets de Lauriane”, Camille Saint-Saëns, “Une nuit à Lisbonne” e de Pablo Sarasar, “Caprice basque”, para violino. No dia 18 a soprano Siphiwe McKenzie, o tenor Marco Alves dos Santos, a violoncelista Irene Lima e o pianista João Paulo Santos protagonizam um recital exclusivamente constituído por obras de Alfredo Keil (1850-1907).

Estes dois concertos – dos dias 11 e 18 – são intercalados por alocuções sobre a temática pela musicóloga Luísa Cymbron e pelo maestro João Paulo Santos.