Estudos têm vindo a provar que as microfibras sintéticas, como o poliéster e o acrílico, são uma das maiores fontes de poluição dos oceanos do mundo. Devido ao seu tamanho, interferem na cadeia alimentar, ao serem facilmente consumidas por peixes e outros animais.

Tudo começa com a lavagem da nossa roupa, onde são libertadas pequenas fibras, que percorrem e escapam nos sistemas de tratamento de águas residuais. Libertadas para o oceano, onde são facilmente consumidas por peixes e outros seres marinhos, as microfibras sintéticas causam particular preocupação, pois põem em causa a cadeia alimentar, como explica o estudo da equipa de investigação de Santa Barbara, da Universidade da Califórnia.

Assim, as microfibras absorvidas pelos peixes são, inevitavelmente, ingeridas por quem os consome. No topo da cadeira alimentar, estamos nós.

A indústria têxtil, que tem a possibilidade de ajudar a travar o problema, tem sido lenta a responder, de acordo um relatório lançado na passada terça feira pelo projeto “Mermaids”, um consórcio de investigadores e especialistas do setor têxtil europeu. O relatório recomenda mudanças à indústria, como a utilização de proteções que diminuam esta libertação de fibra.

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Maria Westerbos, diretora da “Plastic Soup Foundation”, uma organização sem fins lucrativos e parceira do projeto “Mermaids”, pede à indústria têxtil para seguir as recomendações do relatório.

“Até agora quase não vimos nenhum esforço por parte da indústria têxtil para resolver o problema na fonte”, disse em declarações ao The Guardian.

Face aos resultados que se têm vindo a descobrir, várias são as empresas que tentam, em parte, resolver o problema. Uma empresa alemã criou “Guppy Friend”, um saco colector de fibra que mantém os sintéticos enquanto lava a roupa. Também “Cora Ball”, que recentemente conseguiu reunir fundos através do site “Kickstarter”, é lançada para a máquina de lavar e atrai e entrelaça as fibras. De momento não é possível quantificar se estão a ser bem sucedidos.

Natalia Ivleva, professora no Instituto de Hidroquímica, na Universidade Técnica de Munich afirma que “conhecer a extensão da contaminação do microplástico é crucial para surgirem ideias reais e regulamentações que as implementem”.