Uma pequena igreja dedicada a Nossa Senhora de Fátima em Hyderabad, na Índia, foi esta semana vandalizada por um grupo de cerca de 100 atacantes, que destruíram o altar, o crucifixo e a estátua de Nossa Senhora de Fátima que lá era venerada.
A igreja tinha sido consagrada no dia 13 de maio pelo arcebispo de Hyderabad, D. Thumma Bala, ao mesmo tempo que o Papa Francisco celebrava em Portugal a canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta, a propósito do centenário das aparições de Fátima. Segundo o portal Asia News, este é apenas mais um dos frequentes episódios de intolerância contra a minoria cristã daquele país.
A mesma publicação detalha que o templo foi invadido na manhã do último domingo, 21 de maio, por uma centena de pessoas “furiosas” que partiram o crucifixo e a estátua de Nossa Senhora de Fátima além de um conjunto de outros materiais existentes no interior da capela.
Fonte da polícia explicou ao Asia News que por trás da destruição da igreja está uma disputa pelo terreno onde foi construído o edifício. Um homem chamado George Reddy terá pedido autorização à autarquia para construir o templo, mas ainda estaria à espera da aprovação do seu pedido.
De acordo como um inspetor da polícia citado pelo portal, os residentes da localidade de Keesara sentiram que a construção de uma igreja feria a sua sensibilidade. “Os residentes furiosos protestaram que o dono do terreno tinha construído a igreja de forma ilegal”, afirmou o responsável.
Já o presidente do Conselho Global dos Cristãos Indianos, Sajan George, tem uma perspetiva diferente. “A igreja foi vandalizada por elementos anti-sociais, provavelmente pertencentes a grupos extremistas nacionalistas”, considerou.
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O arcebispo de Hyderabad, D. Thumma Bala, lamentou o sucedido, sublinhando que “este ato de profanação, vandalismo e destruição de estátuas fere profundamente os sentimentos religiosos da comunidade católica” e garantiu que a diocese irá trabalhar na reconstrução do templo “depois de a polícia completar a investigação”.
Com cerca de oito milhões de habitantes, a cidade de Hyderabad, na região central da Índia, é uma das principais metrópoles do país. É também nesta região que habita uma das maiores etnias muçulmanas do país: os muçulmanos de Hyderabad, que ocupam uma área que correspondeu, em tempos, ao principado de Hyderabad. A grande maioria deste grupo islâmico viu-se forçado a migrar para o Paquistão depois da separação da Índia, em 1947, mas os muçulmanos ainda representam hoje em dia 14,22% da população indiana.
Os cristãos representam apenas 2,3% da população indiana e, de acordo com o último relatório para a liberdade religiosa publicado pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, tem havido um crescimento no número de ataques contra a minoria cristã naquele país. Em 2014 houve 120 grandes ataques contra cristãos no país, um número que em 2015 subiu para 365 — uma média de um ataque por dia contra minorias cristãs na Índia.