Angola tinha em circulação, em abril, 422.174 milhões de kwanzas (2.280 milhões de euros) em notas e moedas, uma nova quebra mensal e um valor equivalente a mínimos desde 2013. De acordo com dados do Banco Nacional de Angola (BNA) a que a Lusa teve acesso, sobre a Base Monetária Ampla do país, entre março e abril deixaram de estar em circulação (física) no país 2.753 milhões de kwanzas (cerca de 15 milhões de euros).

Desde janeiro, quando o dólar atingiu valores máximos do ano, o BNA já retirou de circulação mais de 74.200 milhões de kwanzas (400 milhões de euros). Ao mesmo tempo, é cada vez mais habitual assistir a caixas da rede interbancária angolana (multibanco) sem notas disponíveis para levantamento.

Um dos efeitos mais visíveis da descida do número de notas e moedas em circulação desde janeiro, conforme a Lusa constatou em habituais rondas pelas ruas de Luanda, é a subida do valor do kwanza, travando a valorização do dólar norte-americano no mercado paralelo, ilegal mas também a única solução para quem tenta, sem sucesso, aceder a divisas nos bancos.

Depois de máximos de 500 kwanzas (2,70 euros) por cada dólar, nos primeiros dias do ano, comprar a nota norte-americana, após descidas consecutivas, desceu entretanto para à volta de 370 kwanzas (dois euros). “Temos de mudar a nossa forma de usar e de lidar com dinheiro. Nos outros países raramente se usa a nota e nós queremos andar com um milhão ou dois milhões de kwanzas num saco de notas. Temos de reduzir o uso de notas”, admitiu em abril o governador do BNA, Valter Filipe. No final de 2015, Angola tinha em circulação 519.588 milhões de kwanzas (2.877 milhões de euros).

Recentemente em Luanda para reuniões com o Governo angolano, o chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Angola, Ricardo Velloso, admitiu que a retirada de circulação de moeda nacional é uma medida positiva, pelas repercussões no corte nas taxas de câmbio no mercado paralelo, que permanecem em mais do dobro do valor oficial. “É uma medida muito importante, que ajuda no controlo da inflação e ajuda a reduzir o diferencial entre a taxa de câmbio do mercado de rua e a taxa oficial”, destacou o chefe da missão do FMI, questionado pela Lusa.

Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo, tendo desvalorizado o kwanza, face ao dólar, em 23,4% em 2015 e mais 18,4% ainda no primeiro semestre de 2016. A taxa de câmbio oficial cifra-se atualmente em cerca de 166 kwanzas (90 cêntimos de euro) por cada dólar, quando antes do início da crise das receitas do petróleo, ainda em 2014, era de 100 kwanzas.

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