Pelo menos 80 pessoas morreram na Venezuela ao longo de 66 dias de protestos patrocinados pela oposição, anunciou esta segunda-feira o ministro da Comunicação e Informação venezuelano, Ernesto Villegas, que instou as autoridades a castigar os responsáveis.

“Condeno o uso excessivo da força (de parte das forças de segurança), quem tiver incorrido num delito, com uniforme ou sem uniforme, deve ir preso e ser castigado”, defendeu, em declarações ao canal de televisão privado Globovisión.

O ministro acrescentou que há casos que não são do conhecimento público, reconhecendo ser notório que a Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar) tem disparado granadas de gás lacrimogéneo, balas de borracha e munições compostas de esferas de vidro ou metálicas, contra os manifestantes.

Ernesto Villegas disse ainda que o Presidente Nicolás Maduro ordenou o fim do uso de armas no controlo da ordem pública.

Questionado sobre como chamaria ao ato em que efetivos da GNB disparam à queima roupa contra os manifestantes, respondeu que se pode considerar “excesso policial”.

“Quando um guarda o faz, viola a instrução do chefe (de Estado) e a Constituição. O Presidente disse-me que deve ser detido quem for surpreendido em excessos”, esclareceu.

O novo número oficial de mortos foi divulgado no dia em que a oposição realizou um plantão de 12 horas, em 15 pontos da capital e em várias regiões do país.

Em várias ocasiões as forças de segurança arremeteram contra os manifestantes, na autoestrada Francisco Fajardo, causando mais de uma dezena de feridos.

Por outro lado, efetivos da GNB entraram na Universidade Central da Venezuela, em Caracas, atacando os estudantes com gás lacrimogéneo, tendo causado pelo menos nove feridos.

Ainda em Caracas, a polícia arrombou uma porta e entrou no Centro Comercial Cidade Tamanaco, tendo disparado granadas de gás lacrimogéneo contra elementos da oposição que ali se encontravam.

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A imprensa venezuelana dá conta de que jornalistas foram ameaçados pelas forças de segurança, entre eles uma equipa da Globovisión que foi atacada por efetivos da GNB, que lhes apreendeu o equipamento, lançando-o a partir de uma ponte, provocando a sua destruição.

Na Venezuela, as manifestações a favor e contra o Presidente Nicolás Maduro intensificaram-se desde 01 de abril último, depois de o Supremo Tribunal de Justiça (STJ), divulgar duas sentenças que limitavam a imunidade parlamentar e em que aquele organismo assumia as funções do parlamento.

Entre queixas sobre o aumento da repressão, a oposição manifesta-se ainda contra a convocatória para uma Assembleia Constituinte, feita a 1 de maio último pelo Presidente Nicolás Maduro.