A polícia argentina acredita ter descoberto a maior coleção de artefactos nazis da história do país, incluindo um busto de Adolf Hitler, lupas em caixas com suásticas e um macabro instrumento médico para medir o tamanho do crânio.

Cerca de 75 objetos foram encontrados numa sala secreta, no interior da casa de um colecionador, em Beccar, um subúrbio a norte de Buenos Aires, que as autoridades suspeitam tratar-se de originais que pertencerem a altas patentes do regime nazi da II Guerra Mundial.

As investigações preliminares indicam tratar-se de peças originais”, afirmou, na segunda-feira, a ministra da Segurança argentina, Patricia Bullrich, à agência noticiosa norte-americana Associated Press.

A mesma responsável indicou que algumas peças surgem acompanhadas por fotografias antigas: “É uma forma de as comercializar, de mostrar que eram usadas pelo horror, pelo ‘fuhrer’. Há imagens dele com os objetos”.

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Entre os itens figuram também brinquedos que, de acordo com Patricia Bullrich, terão sido utilizados para doutrinar crianças, uma grande estátua da águia nazi, uma ampulheta e uma caixa de harmónicas.

A polícia argentina indicou que uma das provas mais convincentes da importância histórica da descoberta assenta num negativo de uma fotografia de Hitler a segurar uma lupa semelhante às encontradas em caixas. “Recorremos a historiadores que nos indicaram que é a lupa original” que Hitler estava a usar, afirmou Nestor Roncaglia, chefe da polícia federal argentina.

“Estamos à procura de especialistas internacionais para aprofundar” a investigação, acrescentou.

A investigação que culminou na descoberta da coleção começou depois de as autoridades terem encontrado obras de arte de origem ilícita numa galeria a norte de Buenos Aires.

Agentes, apoiados pela Interpol, começaram a seguir o colecionador e, após obterem um mandado judicial, efetuaram buscas à sua casa, no passado dia 8.

Uma estante de grande dimensão chamou-lhes à atenção e, atrás do móvel, viriam a descobrir uma passagem secreta que dava acesso a uma sala cheia de símbolos nazis. As autoridades argentinas não identificaram o colecionador, que permanece em liberdade mas sob investigação.

“Não há precedentes de uma descoberta deste tipo. Peças são roubadas ou são imitações. Mas isto é original e temos de chegar ao fundo” desta história, realçou Roncaglia. A polícia encontra-se agora a tentar apurar de que forma é que os artefactos entraram na Argentina.

A principal hipótese levantada pelos investigadores e membros da comunidade judia do país é a de que os artefactos foram levados para a Argentina pelos nazis depois da II Guerra Mundial, quando a nação sul-americana se tornou num refúgio para os criminosos de guerra em fuga, incluindo alguns dos mais conhecidos.

Com as altas patentes do III Reich a serem levadas à justiça por crimes de guerra, o médico nazi Josef Mengele fugiu para a Argentina, onde viveu durante uma década.

O ‘anjo da morte’ do campo de concentração de Auschwitz mudou-se, posteriormente, para o Paraguai depois de membros da agência de espionagem israelita Mossad terem capturado Adolf Eichmann, responsável pela deportação de milhões de judeus para os campos de extermínio durante o Holocausto, que também estava a morar em Buenos Aires.

Já no início da década de 1960 foi para o Brasil, onde morreu em 1979, ainda que a sua morte só tenha sido confirmada em 1985, após a exumação do corpo.