O atual presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, que já fora anunciado como cabeça-de-lista do PSD às próximas autárquicas e foi entretanto constituído arguido no processo “Ajuste Secreto”, retirou esta quinta-feira a sua candidatura às eleições de outubro.

Apresentei a minha candidatura à presidência da câmara municipal há precisamente duas semanas e fi-lo na convicção de ter reunidas as condições para cumprir um projeto estruturado e ambicioso para Oliveira de Azeméis”, declarou à Lusa o autarca e professor. E acrescentou: “depois do que se passou nos últimos dias, em que o código de conduta por que rejo a minha vida foi colocado em dúvida, causando profunda mágoa em mim próprio, mas, sobretudo, nos meus familiares, não posso permitir que a política suja se imiscua naquilo que considero ser o mais sagrado: a família”.

Isidro Figueiredo manter-se-á na presidência da câmara até ao final do mandato, mas afasta-se assim da corrida eleitoral. “Retiro a minha candidatura à presidência da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, concentrando todos os meus esforços na minha defesa e na recuperação do património mais valioso que alguma vez conquistei: o reconhecimento público da minha integridade”, explicou.

Grato ao PSD pela “confiança” que nele depositou e reconhecido ao empresário António da Silva Rodrigues, fundador do Grupo Simoldes, pelo seu apoio como mandatário da candidatura, o ex-cabeça-de-lista acrescenta: “Agradeço a uma imensidão de pessoas que me manifestaram um apoio fantástico e peço-lhes desculpa por não poder levar esta tarefa até ao fim”.

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Licenciado em Ensino de Português e Francês pela Universidade de Aveiro e mestre em Ciências da Educação, Isidro Figueiredo foi presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária Soares Basto e coordenador do Centro de Área Educativa do Entre Douro e Vouga.

A nível político, foi deputado na Assembleia de Freguesia de Loureiro e na Assembleia Municipal de Oliveira de Azeméis, antes de integrar o Executivo camarário do PSD em 2009, como vereador da Educação. No exercício dessas funções liderou o processo de descentralização de competências na área do Ensino, ao fazer de Oliveira de Azeméis um dos primeiros concelhos do país a assumir a gestão local de escolas secundárias e respetivos funcionários.

Coordenou também a renovação do parque escolar do município, ajudando a inverter a tendência para a deslocalização de estudantes locais para estabelecimentos de outros concelhos.

Em dezembro de 2016 assumiu a presidência da câmara na sequência da renúncia ao cargo por parte de Hermínio Loureiro – outro dos sete arguidos no caso “Ajuste Secreto”, que envolve alegadas práticas de corrupção e tráfico de influências na adjudicação direta de empreitadas desportivas em vários clubes do concelho.