O CEO da Altice, que acaba de comprar a Media Capital (dona da TVI), respondeu esta sexta-feira ao primeiro-ministro que na passada quarta-feira, no debate do Estado da Nação deixou críticas à empresa que dois dias depois anunciou o fecho de mais um negócio no país. Numa conferência de imprensa, em Lisboa, Michel Combes disse estar “orgulhoso” do investimento feito no país — compra da PT e agora da TVI — e que isso foi feito “para que o país esteja entre os melhores”.

“Qualquer país estaria satisfeito com o investimento que estamos a fazer.”, disse Combes, evitando responder diretamente às declarações de António Costa que, além de ter referido os receios sobre os despedimentos na PT, ainda falou nas falhas do sistema SIRESP (participado pela PT) nos incêndios de Pedrógão Grande. Ainda assim, sobre este assunto específico, o CEO da Altice disse que “os incêndios foram uma tragédia” e que a empresa tem “os melhores profissionais” e que “estão a fazer um trabalho fantástico”. Michel Combes ainda garantiu que a empresa está “comprometida” com o país e que fez “todos os possíveis para que as coisas funcionassem”.

Estamos apaixonados por este projeto e queremos partilhar isto com os agentes políticos e os reguladores”, disse Michel Combes

Sobre a aprovação dos reguladores, Combes disse que a “expectativa” é que o “processo decorra de forma suave“, tal como já aconteceu noutros países. E em relação ao ambiente político, o CEO da Altice acredita que “o mais importante é o que a empresa pretende fazer. Este é um projeto empresarial”, afirmou. “Queremos fazer crescer o negócio, que foi o que fizemos em Portugal”. Antes disto, Combes já tinha dito que a empresa “não está em Portugal para fazer política, mas para apresentar um grande projeto” para o país. Também garantiu que a empresa está a ser “bem recebida por Portugal” e até falou de alguns contactos com políticos do país. Entretanto, o Público avançou que o presidente da Altice, Patrick Drahi, saiu direto para reuniões com o Presidente da República e o primeiro-ministro. Contactado pelo Observador, o gabinete do primeiro-ministro não confirma o encontro.

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A propósito do negócio que acaba de firmar em Portugal, a compra da Media Capital, Combes garantiu que a Altice “está entusiasmada em juntar a número 1 das telecomunicações em Portugal com a número 1 nos media”. O valor do negócio atingiu os 440 milhões de euros e a intenção da empresa para por “fazer crescer a Media Capital e desenvolver o negócio” e “fortalecer a presença da empresa no mundo digital”. Também disse que estão “apostados em trazer novos programas” para a TVI e expandi-los para outros países “onde há fortes comunidades portuguesas”.

Quanto à produção, sobretudo de ficção, feita pela Plural, da Media Capital, Combes garantiu que o objetivo é aproveitar essa “forte produção, com a maioria dos programas da empresa a serem produzidos em Portugal”: “Temos vários canais na Europa e acreditamos que podemos potencia isso e produzir programas para outros canais”. Também garantiu que a Altice não pretende “restringir o acesso à Media Capital” aos clientes da PT: “Queremos que os canais da Media Capital estejam expostos à maior parte das pessoas”.

Não há despedimentos, mas PT tem de se “tornar mais ágil”

Quanto aos despedimentos na PT Portugal — uma matéria que tem dominado o espaço político nos últimos dias — quem deu explicações foi Paulo Neves: “Não estamos a despedir pessoas”. Ainda assim, o CEO e chairman da PT disse que o que está a ser feito “é tornar a empresa mais ágil. Isso obriga a que nos concentremos nas áreas core para a empresa. Temos dos melhores colaboradores que existem no país. Não estamos a despedir, o que estamos e a concentrar naquilo que é core“.

E até estendeu o compromisso de não despedimentos à Media Capital, ao afirmar que “não há intenção de despedir na TVI“, o objetivo é fazer a empresa “crescer”, garantiu. Alain Weill, da Altice Media, acrescentou ainda que é importante “a qualidade e a independência” da empresa.

A CEO da Media Capital, Rosa Cullell, entrou na sala do hotel Altis já a meio da conferência de imprensa que estava a decorrer mas ainda falou, para manifestar a sua intenção em fmanter-se na empresa. “A minha intenção é ficar, mas depende do novo acionista. A minha intenção é ficar em Portugal e em Lisboa, na TVI e na Media Capital, e com a minha equipa”. Combes havia de confirmar a seguir que a empresa contava com Cullell.

Artigo atualizado às 12h30, com mais informação da conferência de imprensa