Três manifestantes morreram na Venezuela, na quarta-feira, após confrontos com as forças de seguranças no primeiro dia da greve geral contra o regime de Nicolás Maduro. Este é, segundo o El Mundo, o balanço do primeiro de dois dias de protestos que antecedem a grande manifestação que a oposição a Maduro marcou para sexta-feira, em Caracas. Horas antes do início dos protestos, Leopoldo López, opositor de Nicolás Maduro que está em prisão domiciliária condenado por “incitar a protestos contra o regime”, divulgou um vídeo em que pedia às pessoas para “irem para as ruas lutar pela liberdade”.

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Foi o presidente da Câmara de Mérida, Carlos García, que anunciou a morte de Rafael Vergara, com 30 anos. Vergara terá sido alvejado em Mérida e morreu “fruto da repressão dos órgãos da ditadura”, escreveu o autarca nas redes sociais. Morreu, também, um jovem de 16 anos natural da zona de Petare, a leste de Caracas. E há, ainda, uma terceira vítima que também sofreu ferimentos graves nos protestos em Mérida, ainda chegou a ser hospitalizado, em morte cerebral, mas acabou por morrer.

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Além das vítimas mortais, há registo de dezenas de feridos nos confrontos com a Guarda Nacional Bolivariana de Nicolás Maduro, que respondeu com esferas de chumbo e bombas de gás lacrimogéneo. Desde abril, são já 106 os mortos durante confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes contra o regime de Nicolás Maduro.

A greve geral de 48 horas foi convocada pela Mesa de Unidade Democrática (MUD) contra as eleições — agendadas para o próximo domingo — para a criação de uma assembleia constituinte na Venezuela que, acusam os críticos de Maduro, são uma tentativa do sucessor de Hugo Chávez para reescrever a Constituição e segurar-se no poder apesar de crise económica grave que o país atravessa há vários anos.

Freddy Guevara, vice-presidente da assembleia nacional e opositor a Maduro, calculou que a paralisação terá ascendido a 92% — um êxito, disse, para o qual poderá ter contribuído um vídeo de 15 minutos produzido por outro conhecido opositor do regime, Leopoldo López, que está preso em casa por “incitar a protestos contra o regime”. ¡Sigamos en las calles hasta alcanzar nuestra libertad! é o título do vídeo que já teve mais de 700 mil visualizações.

A expectativa da oposição a Maduro é que, depois destes dois dias de greve e protestos, na sexta-feira possa dar-se a “Tomada de Caracas”. As negociações entre Maduro e a oposição, mediadas pelo antigo primeiro-ministro espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, não parecem estar a produzir quaisquer frutos. Maduro diz que alterar a constituição é necessário para restaurar a ordem na Venezuela, aplicar a justiça e restabelecer a paz.

Treze países americanos instam Maduro a suspender eleição da Constituinte

Um grupo de 13 países-membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) instou ontem o governo da Venezuela, liderado por Nicolás Maduro, a suspender a eleição para a Assembleia Constituinte, prevista para este domingo — 30 de julho.

“Instamos o governo da Venezuela a suspender o processo (…) que implicaria o desmantelamento definitivo da institucionalidade democrática e seria contrário à vontade popular que foi expressa na consulta de 16 de julho”, indicou a declaração assinada por 13 Estados-membros da OEA. A declaração foi lida pelo embaixador do Panamá junto da OEA, Jesús Sierra, e foi subscrita pela Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Perú.