O ano passado terminou com 211 mil pessoas a aguardar por uma cirurgia e com um tempo de espera médio mais alto desde 2011, de três meses e meio. Os dados são avançados pelo Jornal de Notícias que cita o relatório de acesso aos cuidados de saúde de 2016.

Quase 15% dos inscritos para uma cirurgia ultrapassaram o tempo máximo de resposta previsto, o que representou 31 mil pacientes. Houve 22 mil doentes que foram inscritos e operados no mesmo dia, fintando os critérios de prioridade e antiguidade que devem gerir as listas de espera. O número baixou em relação a anos passados, mas continua a ser considerado demasiado alto.

Segundo o relatório citado pelo JN, no ano passado foram efetuadas 568 mil operações, o que equivale ao valor mais alto desde que existe o sistema integrado de gestão de inscritos em cirurgia, que foi criado em 2004, há 12 anos. Entre os mais de 200 mil que aguardavam uma cirurgia no final de 2016, havia 4.460 casos de neoplasia maligna (cancro).

Tempo de espera para doentes prioritários melhorou

Em declarações à Lusa, Ricardo Mestre, da ACSS (Administração Central do Sistema de Saúde), diz que os tempos de resposta em 2016 se mantiveram “à volta dos 3 meses, como acontecia habitualmente”, e sublinha que “os tempos de resposta para os mais prioritários melhoraram”.

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O responsável considerou ainda que a portaria aprovada este ano que reduz os tempos máximos de resposta garantidos para os casos de prioridade normal (de 270 para 180 dias) e que entra em vigor em janeiro de 2018 vai trazer “maior equidade”.

“Mantendo a mediana em cerca de 3 meses, esta medida vai trazer maior equidade entre os utentes nas listas”, defendeu.

Numa nota enviada às redações, a ACSS diz que “esta portaria permite ainda, pela primeira vez no SNS [Serviço Nacional de Saúde], medir o tempo de resposta completo que é assegurado ao utente na globalidade do seu trajeto no hospital”.

Na mesma nota, a ACSS recorda que “em 2016 se registou o número mais elevado de entradas em lista de inscritos para cirurgia desde que foi constituído o Sistema de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), o que evidencia o aumento da procura dos hospitais do SNS para a realização de atividade cirúrgica”.

Segundo o relatório sobre o acesso a cuidados de saúde referente ao ano passado foram realizadas, em 2016, cerca de 31 milhões de consultas médicas nas unidades de cuidados de saúde primários, o que representou um crescimento de dois por cento em relação ao ano anterior.

Contudo, este crescimento deveu-se, sobretudo, a consultas não presenciais (que cresceram mais de 6%), um aumento que se estendeu também aos domicílios médicos (mais um por cento). As consultas presenciais tiveram em 2016 um crescimento de apenas 0,5%.

Quanto às consultas hospitalares, cresceram 0,4% em 2016. O aumento de primeiras consultas (mais 0,9%) foi superior ao das consultas de seguimento.