As duas acusadas pelo assassínio de Kim Jong-nam, irmão do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, apresentam-se na segunda-feira num tribunal superior na periferia de Kuala Lumpur, capital da Malásia, para começar o julgamento contra si.

Se forem consideradas culpadas, as mulheres, que vão apresentar-se ao juiz pela primeira vez esta segunda-feira, arriscam-se à pena de morte por enforcamento. Durante 23 dias, o tribunal vai chamar 40 pessoas entre testemunhas e especialistas para apoiar a acusação durante o julgamento, cuja conclusão está prevista para 23 de novembro.

As duas suspeitas, a indonésia Siti Aisyah, de 25 anos, e a vietnamita Don Thi Houng, de 29, são as únicas detidas pelo roubo e envenenamento de Kim a 13 de fevereiro num terminal de partidas do aeroporto da capital da Malásia. Alegadamente quando uma delas distraía a vítima enquanto a vítima imprimia o bilhete de embarque, a outra aproximou-se pelas costas e tapou o rosto do norte-coreano com um pano ensopado num produto tóxico potente.

Depois disto, as mulheres puseram-se em fuga mas foram captadas pelas câmaras do circuito fechado do recinto e o norte-coreano foi chamar assistência médica junto das autoridades antes de desmaiar e cair com uma paragem cardíaca enquanto era transportado para o hospital.

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Após terem sido detidas nos dias depois do incidente, as duas mulheres garantiram ser vítimas de um engano, disseram que pensavam estar a participar num programa de apanhados para a televisão e que pensavam que o veneno era óleo para bebé.

Os médicos legistas da Malásia que fizeram a autópsia concluíram que a substância afinal era um agente nervoso conhecido como VX e considerado pelas Nações Unidas como uma arma de destruição massiva.

As acusadas disseram às autoridades que toda a situação tinha sido orquestrada por um grupo de quatro homens que lhes pagou 80 dólares a cada uma. A polícia identificou estes homens como cidadãos norte-coreanos que embarcaram depois num avião com destino a Pyongyang e pediu informações a outras três pessoas que foram ao aeroporto despedir-se deles, incluindo o segundo secretário da embaixada da Coreia do Norte em Kuala Lumper, Hyong Kwang.

Entre estas três pessoas estão também Kim Uk Il, funcionário da companhia aérea estatal da Coreira do Norte, e outra pessoa identificada como Ri Ji U, que se refugiou nas instalações diplomáticas durante dias para evitar as autoridades.

Desde o primeiro momento que os serviços de inteligência da Coreia do Sul e dos Estados Unidos atribuem o crime a agentes norte-coreanos, mas Pyongyang argumenta que a morte foi provocada por um ataque cardíaco e acusou as autoridades da Malásia de conspirarem com os seus inimigos.

Kim Jong-nam, que viajava com um passaporte com o nome de Kim Chol, ia viajar para Macau, onde vivia exilado.