A EDP Distribuição rejeitou publicamente a tese de que os incêndios de Pedrógão Grande tiveram origem no contacto entre a linha elétrica e a vegetação, conforme refere o relatório elaborado pela Universidade de Coimbra — “O complexo de incêndios de Pedrógão Grande e concelhos limítrofes, iniciado a 17 de Junho de 2017” –, no qual é atribuída responsabilidade à empresa do grupo de energia.

De acordo com a EDP, “a informação recolhida, quer pela EDP Distribuição, quer pelas restantes entidades envolvidas na investigação, não permite sustentar a tese de que na origem do incêndio possa ter estado o contacto entre a vegetação e a linha elétrica”.

A explicação dada pela empresa para rejeitar a tese elaborada pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra assenta nos “sistemas que monitorizam e registam, em permanência, todos os eventos relativos à exploração e operação das mesmas”. A EDP afirma que, no dia do incêndio, 17 de junho, o sistema registou que houve efetivamente um “evento de corte e religação automática”, mas que não houve “passagem de corrente ao solo”.

Esse evento, acrescenta, ocorreu “minutos após a hora dos primeiros alertas referidos nos relatórios” da Comissão Independente e da Universidade de Coimbra. A empresa garante ainda que a linha em questão foi alvo de inspeção visual “dois meses antes do incêndio”, não detetando “situações de risco”.

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A EDP Distribuição refere que supervisiona as linhas elétricas com”meios aéreos e tecnologia laser numa extensão de 14.000 km”, fazendo ainda “inspeções visuais e com recurso a drones”. A empresa diz ainda investir 5 milhões de euros anualmente “na preservação dos corredores de Proteção e nas Faixas de Gestão de Combustível, mantendo 7500 km”, algo que lhes é obrigado pela regulamentação a que estão sujeitos.

O relatório da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra refere que “os dois focos de incêndio de Escalos Fundeiros e de Regadas terão sido causados no dia 17 de Junho, a horas diferentes, por contactos entre a vegetação e a linha eléctrica de média tensão que abastece”.

Conforme o relatório, o começo do incêndio deve-se a uma falta de manutenção da rede elétrica, cujas faixas de proteção não estavam “devidamente cuidadas”. O relatório sugere ainda à EDP que faça melhor fiscalização e melhore a “exigência dos seus critérios”, afirmando que os custos destas fiscalizações “serão sempre menores do que os custos sociais que a responsabilidade por causar um incêndio das proporções que teve o incêndio de Pedrógão Grande podem ter”.