A ligação próxima entre o empresário suíço (de ascendência angola) Jean-Claude Bastos de Morais e a família de José Eduardo dos Santos há muito que é conhecida. E é tanto mais próxima com o filho mais velho do ex-presidente: Filomeno “Zenú” dos Santos. “Zenú” e Jean-Claude são os fundadores, por exemplo, do primeiro banco de investimento angolano: o Bank Kwanza Invest.

Jean-Claude Bastos de Morais é atualmente diretor da Quan­tum Global, empresa sediada na Suíça e especializada na gestão de ativos, nomeadamente em paraísos fiscais como as Maurícias. O seu antigo parceiro de negócios Filomeno dos Santos, por sua vez, é o diretor do Fundo Soberano de Angola. Agora, e através dos Paradise Papers, sabe-se que dos cinco mil milhões de euros atribuídos inicialmente ao Fundo Soberano de Angola, quase três mil milhões foram deslocados para sete fundos de investimento sediados nas… Maurícias. Quem geriu este investimento? A Quantum Global. Esta denúncia surge no jornal suíço Le Matin Dimanche.

A escolha da empresa de Jean-Claude Bastos de Morais por parte do Fundo Soberano de Angola foi feita sem que se tenha realizado qualquer concurso público. E a Quantum Global continua a lucrar anualmente largos milhões de euros com a parceria. Ainda segundo o Le Matin Dimanche, a empresa de Jean-Claude Bastos de Morais recebe anualmente entre 2% a 2,5% do capital por Fundo Soberano de Angola. O mesmo é dizer que a Quantum Global recebe todos os anos entre 60 e 70 milhões de euros.

O jornal suíço lembra ainda outro negócio em que Jean-Claude beneficiou diretamente da relação de amizade que mantém com Filomeno dos Santos. O Fundo Soberano de Angola financiou com 157 milhões de euros a construção de um arranha-céus em Luanda — edifício esse que nunca chegou a ser erguido. O terreno pertencia a uma empresa de Jean-Claude Bastos de Morais. Curiosamente, uma segunda empresa do gestor suíço-angolano ficaria com a direção do projeto.

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