27 de junho de 2017. Passava meia hora depois das nove da noite, quando Ricardo Salgado e a mulher, Maria João Salgado, acabados de chegar da Suíça — onde tinha ido visitar a filha — foram revistados no aeroporto do Lisboa, por elementos da Autoridade Tributária e Aduaneira. A notícia é avançada pelo Correio da Manhã, que acrescenta que o despacho de autorização de revista, no âmbito da Operação Marquês, foi emitido naquele mesmo dia, com o objetivo de apreender documentos e objetos com interesse para a prova no processo.

No despacho, citado pelo CM, lê-se que “existem fundos depositados em algumas contas abertas na Suíça pelo arguido [Ricardo Salgado], ainda que em nome de entidades instrumentais [sociedades offshores], bem como que, a partir de fundos depositados nas mesmas contas, foram realizadas aquisições de bens de elevado valor, ouro e pedras preciosas, cujo destino final não foi, por ora, identificado“. E diz ainda que a viagem de Salgado e da mulher poderia ser “aproveitada para a obtenção de documentos de justificação de operações realizadas no passado ou para a movimentação de ativos decorrentes dos fundos que transitaram nas contas abertas naquele país”.

Ainda de acordo com o mesmo jornal, o casal não tinha equipamentos informáticos nem documentos relevantes, para além dos extratos das três contas bancárias na UBS, na Suíça, que estavam na posse da mulher do ex-líder do Grupo Espírito Santo. Por isso, acabou por não ser cumprido, segundo o CM que contactou os advogados do banqueiro, que não quiseram comentar.

De lembrar que, no ano passado, o Expresso e a TVI já tinham noticiado, no âmbito da investigação sobre os Panama Papers, que Salgado e a mulher seriam os proprietários e beneficiários, desde o final da década de 90, de duas offshores — Eolia Holdings, Rospine International e Penn Plaza — e que o ocultaram quando em 2005 Salgado aproveitou o regime excecional de regularização extraordinária (RERT) para repatriar 4,3 milhões de euros que tinha em dois bancos na Suíça.

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