Que Vladimir Putin é idolatrado na Rússia, já todos sabíamos. E também não é complicado prever que o atual líder russo vai facilmente ser reeleito nas próximas eleições presidenciais, a 18 de março. Mas um novo documentário revela agora uma outra surpreendente faceta de Putin: o chefe do Kremlin é portador de um código genético absolutamente excecional. Porquê? É descendente daqueles que viviam em Leninegrado quando a cidade esteve 900 dias cercada pelo exército nazi.

É uma teoria rebuscada, é certo. Mas este documentário está a ser utilizado pela campanha de Vladimir Putin para mostrar que o líder atual é, de facto, um ser superior. O filme, produzido pelos estúdios Stella, estreou a 18 de janeiro: o dia em que se cumpriam 75 anos do fim do Cerco de Leninegrado, hoje São Petersburgo. “Sangue bloqueado. Genética” foi realizado por Eleonor Lukiánova e teve uma ante-estreia privada para funcionários do Ministério da Cultura, do parlamento russo e veteranos da Segunda Guerra Mundial.

A premissa é apenas uma: porque é que grande parte da população de São Petersburgo pertence a “um mesmo grupo psicológico comportamental” ainda que não partilhem qualquer vínculo familiar? O documentário explica que aqueles que nasceram de sobreviventes do Cerco de Leninegrado herdaram uma mutação genética que lhes dá “um alto sentido de responsabilidade”.

A hipótese é que essas pessoas sobreviveram a grandes privações e por isso os seus metabolismos adaptaram-se a um lento gasto de energia. Por outras palavras, foram capazes de sobreviver a uma fome terrível porque o organismo utilizava tudo o que comiam ao máximo”, explicou ao La Vanguardia Oleg Glotov, o geneticista consultado pela produção do documentário.

O Cerco de Leninegrado durou 872 dias e foi um dos mais extensos e mais mortais da história. Estima-se que a fome, as doenças e os bombardeamentos mataram mais de um milhão de habitantes. Vladimir Putin – que nasceu nove anos depois do fim do bloqueio – já falou várias vezes sobre o impacto do cerco na sua família, incluindo a morte de um irmão mais velho.

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De recordar que “Sangue bloqueado. Genética” estreou e está a ser aclamado na mesma altura que “A Morte de Estaline”, uma comédia negra sobre os acontecimentos que se seguiram à morte do histórico líder russo, foi proibido no país por ser “desprezível”.

Rússia proíbe “A Morte de Estaline”, uma “desprezível” comédia