Ao fim de três anos de programa de assistência financeira, os bancos portugueses têm financiado “adequadamente” a economia e melhoraram a sua solidez, mas não chega. O Banco de Portugal avisa que a banca nacional deve reduzir os “custos operacionais” e “reforçar os capitais próprios”.

“A recuperação da rendibilidade do sistema bancário, particularmente afetada no decurso dos últimos três anos, deverá implicar um esforço continuado das instituições no sentido da redução dos custos operacionais e do reforço dos capitais próprios”, explica o banco central português no Relatório de Estabilidade Financeira, publicado esta quinta-feira.

O banco liderado por Carlos Costa considera, por isso, que os bancos devem, por um lado, esforçar-se “para reduzir a dependência do financiamento junto do Eurosistema e, por outro, “regressar aos mercados obrigacionistas e de capitais” para se financiarem.

Bancos melhoraram a sua solidez, mas devem apostar noutras formas de financiamento

Apesar de considerar que ao longo dos três anos do programa de resgate os bancos conseguiram salvaguardar “a existência de um fluxo adequado de financiamento à economia”, o setor financeiro enfrenta importantes desafios, nomeadamente “um contexto regulamentar e concorrencial em profunda transformação”, referindo-se à União Bancária e ao Mecanismo Único de Supervisão, que prevê testes de stress ainda este verão.

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As alterações em curso no âmbito do sistema bancário europeu podem “gerar algumas perturbações no curto prazo”. A médio prazo, sublinha o Banco de Portugal, “o modelo de negócio bancário certamente diferirá do atual”. “A concorrência pelos melhores clientes será acrescida, beneficiando as instituições mais eficientes”, avisa ainda o banco central português.

No Relatório de Estabilidade Financeira, o Banco de Portugal destaca alguns progressos importantes: “a economia passou a ter capacidade de financiamento em relação ao exterior; as contas públicas foram objeto de um significativo ajustamento estrutural e houve evolução nas reformas estruturais”. Mas ainda há um longo caminho a percorrer até que a estabilidade financeira seja atingida.

É preciso “prosseguir as reformas iniciadas durante” o programa da troika porque ainda persistem algumas fragilidades, nomeadamente, as provocadas pelo “elevado endividamento dos setores privado e público” e por um “fraco ritmo de crescimento económico efetivo e potencial”, lê-se no relatório.

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