Empresários e autarcas recusam a introdução de portagens na Autoestrada Transmontana, entre Vila Real e Bragança, e falam em retrocesso à década de 1980 por serem obrigados a utilizar de novo a “sinuosa” Estrada Nacional 15 (EN).

O secretário de Estado dos Transportes disse na quinta-feira que o Governo está a estudar uma solução para a instrução de portagens na Autoestrada Transmontana, não avançando no entanto datas nem o sistema de pagamento que será utilizado.

Esta via ficou concluída em setembro e, até ao momento, os automobilistas não pagam portagens em quase toda a sua extensão. Os únicos troços portajados são as variantes de Bragança e Vila Real que têm como alternativa o atual Itinerário Principal 4 (IP4).

Em reação ao anúncio do Governo, o presidente da Câmara de Murça, o socialista José Maria Costa, considerou que se trata de mais uma “machadada no Interior” e acusou o executivo de Pedro Passos Coelho de “só apresentar medidas que isolam cada vez” este território.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O autarca lembrou que a construção da ‘Transmontana’ ocupou grande parte do traçado do IP4 e que, por isso, a única alternativa que existe atualmente é a “perigosa e cheia de curvas” EN 15.

“No século XXI não se justifica essa estrada. Os quilómetros medem-se em tempo e regrediríamos aos anos 80 se tivéssemos que voltar a utilizar a Nacional 15”, afirmou hoje à agência Lusa.

Rui Santos, presidente da Câmara de Vila Real e da Federação Distrital do PS de Vila Real, salientou a “falta de alternativas” à Autoestrada Transmontana, também designada de A4, pois a via corresponde ao prolongamento da autoestrada que já liga o Porto a Amarante.

A cidade de Vila Real ficará rodeada de autoestradas portajadas, desde a A4 à A24, tendo, segundo o autarca “apenas como alternativa as velhinhas nacionais que estão em constante degradação e onde não foi feito nenhum esforço de manutenção”.

“Ou o Interior reage rápido dando um cartão vermelho a este Governo ou qualquer dia o Interior vai-se tornar uma terra de ninguém, porque será impossível investir, criar riqueza e ter qualidade de vida nestas terras porque não haverá empresas, empresários ou empregos e tudo isto se tornará num imenso deserto”, afirmou.

Luís Tão, presidente da Nervir – Associação Empresarial de Vila Real, referiu que a região está a ser “completamente fustigada de impostos que impedem o desenvolvimento e a coesão territorial”.

A introdução de portagens na Transmontana é, para o responsável, “uma má notícia” e “um mau negócio” para os empresários da região.

“Os nossos empresários foram aqueles que sofreram o maior aumento de impostos, porque tivemos as portagens na A24, que não era portajada, tivemos a perda de benefícios fiscais e agora este anúncio de futuras taxas na A4 Vila Real/Bragança, são impostos que outros empresários não tiveram no país”, frisou.

Quanto ao anúncio do regresso em breve do avião a Trás-os-Montes, Rui Santos fala em “desrespeito” pelos transmontanos, acusando o secretário de Estado Sérgio de Monteiro de “tentativa de ludibriar” a região em vésperas de eleições.

A carreira aérea entre Trás-os-Montes e Lisboa foi suspensa em novembro de 2012.