“Portugal cumpriu três anos muito difíceis. Foram três anos de exceção e restrições que não queremos repetir”. É assim que começa o manifesto que visa louvar o esforço dos portugueses durante o programa de ajustamento e as melhorias dos índices económicos, mas que, essencialmente, pretende fazer um apelo à classe política: “nunca mais”. A petição é encabeçada pelo economista e ex-secretário de Estado do Tesouro, António Nogueira Leite, e conta com nomes como Zita Seabra e João Duque, personalidades que pretendem fazer chegar a voz aos principais atores da política portuguesa.
“Em Março de 2011, o país onde vivemos, onde trabalhamos, onde educamos os nossos filhos, entrou em rutura financeira, sem dinheiro para continuar a pagar salários, pensões e outros compromissos do Estado. Portugal perdeu o seu crédito e o seu bom-nome. E ficou sem saber o que esperar. Forçados a pedir ajuda para escapar a uma bancarrota certa, tivemos que negociar à pressa um empréstimo de 78 mil milhões de euros. Durante três anos assumimos os custos políticos, económicos e sociais do resgate financeiro. E, porque os assumimos, temos o direito de exigir nunca mais”, pode ler-se no manifesto. Ainda assim, existem vários elogios à política de austeridade do Governo liderado por Pedro Passos Coelho, entre outros aspectos, por ter baixado o défice público de 10%, em 2011, para 4.9% em 2013.
“Todos nós, portugueses, cidadãos, trabalhadores, empresários, funcionários públicos fizemos um grande esforço para equilibrar as contas públicas, para melhorar a nossa economia, para sair da crise. Mesmo num ambiente económico desfavorável, respondemos. E, porque respondemos, temos o direito de exigir nunca mais”, defende a petição.
Em março, 74 personalidades lançaram o Manifesto dos 70, que defendia a necessidade de levar a reestruturação da dívida à discussão no Parlamento. Este manifesto juntou figuras da esquerda e da direita como Adriano Moreira, Diogo Freitas do Amaral, António Bagão Félix, Manuela Ferreira Leite, António Capucho, Eduardo Ferro Rodrigues, Manuela Arcanjo, João Cravinho, Manuel Carvalho da Silva e Francisco Louçã.