Espartilhos vermelhos de seda do século XIX, sutiãs da casa Christian Dior, camisas de noite coloridas da década 1960 e roupões dos anos 1980. Há de tudo um pouco para ser visto, mas não vestido, na exposição Exposed: A History of Lingerie. É a nova aposta do museu do Fashion Institute of Technology (FIT), o único que aborda por inteiro o universo da moda em Nova Iorque.

A exposição cronológica é dedicada às peças íntimas do armário feminino. Apresenta cerca de 70 itens de épocas distintas, desde o século XVIII aos dias de hoje. Destaque para a peça mais antiga, de 1770, um espartilho com mangas, em seda azul, e com fitas decorativas em marfim que se cruzam sobre o estômago. A iniciativa, entre 3 de junho e 15 de novembro, mostra ainda que a lingerie tem servido, ao longo dos anos, como inspiração para vestuário de moda.

É uma questão feminina, com certeza. Originalmente concebida por motivos de higiene, para alterar as formas da mulher e preservar o seu pudor, a lingerie têm-se transformado. A (re)evolução da roupa interior é evidente, que o digam as senhoras, e interliga-se com o papel da mulher na sociedade. Alguns dos casos mais mediáticos, que servem de exemplo, remetem para Marilyn Monroe, que fez sucesso numa peça em renda preta no filme Some Like it Hot, e Madonna, que usou o icónico sutiã em formato cone de Jean Paul Gaultier na tour Blonde Ambition, em 1990, relembra a Harper’s Bazaar.

Mas qual é, então, a história (sucinta) da roupa interior? A sua origem remonta ao antigo Egipto, diz a Marie Claire, mas aceleremos o relógio do tempo até ao século XVIII, altura em que os espartilhos dominavam as atenções, à volta dos quais desenvolveu-se um fascínio algo erótico. Além de endireitarem as costas, evidenciavam os seios, explica a página do FIT. Na primeira metade do século seguinte, as peças íntimas femininas eram mais modestas e, já no final deste, a roupa fica mais colorida. A silhueta jovem e os espartilhos modernizados, que servem para acentuar as curvas femininas, marcam os anos 1920. Os tecidos são, inclusive, mais soltos e confortáveis, conta a Marie Claire. O sutiã é criado em 1939 e, cerca de dez anos depois, a silhueta ampulheta volta a estar na moda.

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Saltemos, então, para 1990, altura a que a mesma publicação chama de “the wonder years”, numa analogia aos sutiãs push-up (“wonderbra”, em inglês). Considerada uma criação revolucionária, a página recorda o anúncio no exterior com a supermodelo Eva Herzigová a segurar as alças do sutiã: “O anúncio era tão sensual que terá provocado acidentes de carro”. Recentemente, depois do milénio, têm-se criado peças cada mais vez extravagantes. Seja disso exemplo a Victoria’s Secret: em 2013, a modelo Candice Swanepoel desfilou com um “sutiã-joia” da marca, Fantasy Bra, que custou cerca de 7 milhões de euros.

Mas até ponto a lingerie é fundamental na vida de uma mulher? Margarida Furst, da Dama de Copas, explica o que um sutiã apropriado faz na imagem feminina: “Consegue proporcionar uma silhueta melhor, levantando o peito e colocando-o no sítio certo”. O conforto também é uma realidade, que permite que as mulheres se esqueçam do que estão a usar no quotidiano.

Margarida Furst acrescenta: “Todas temos uma relação com o nosso peito, as mulheres são muito exigentes. O sutiã errado pode provocar a estrutura errada, os ombros ficam descaídos e podem surgir dores de costas”. Para esta especialista na arte de bra fitting (uma espécie de consultoria de imagem para roupa interior), a lingerie atua a três níveis – psicológico, estético e de saúde. “Apesar da tendência de se associar a roupa íntima a um acessório de moda, esta é uma peça com várias funções”.