O grupo de comunicação social Controlinveste, detentor do Jornal de Notícias, Diário de Notícias, TSF e Jogo, entre outros, anunciou quarta-feira que vai despedir 140 trabalhadores e negociar a saída de mais 20. Os jornalistas que vão ser dispensados estão estão a ser informados, um a um, pelo diretor de cada jornal.
Ao que o Observador apurou, só no jornal Diário de Notícias são 24 os jornalistas a sair (de um total de 65 no grupo). A administração optou por cortar o vínculo com os jornalistas correspondentes fora de Lisboa, mantendo apenas dois jornalistas na redação do Porto. Durante a manhã foram ainda anunciadas alterações nas secções do jornal, que há um mês perdeu oito páginas.
“A evolução negativa do mercado dos media, tanto em Portugal como na Europa, e a acentuada quebra de receitas do setor impõem à Controinveste Conteúdos uma decisão estratégica de redução de custos para garantir a sustentabilidade do nosso negócio”, justifica ao conselho de administração do grupo.
Numa comunicação aos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, a administração da Controlinveste Conteúdos afirma que “iniciou um processo de corte de custos com efeitos imediatos. Neste âmbito foram já identificadas algumas rubricas que permitirão uma poupança de cinco milhões e quinhentos mil euros equivalentes anuais”.
Proença de Carvalho diz que medidas são “indispensáveis”
O presidente do conselho de administração do grupo Controlinveste Conteúdos, Daniel Proença de Carvalho, afirmou hoje que “as medidas agora anunciadas, embora dolorosas, são indispensáveis para que o grupo possa crescer sustentadamente no futuro próximo”.
Numa declaração escrita enviada à Lusa, Proença de Carvalho refere que “o capital que os novos acionistas investiram na empresa permitiu restaurar as suas finanças, mas a sua sustentabilidade futura e o seu crescimento exigem uma equilibrada adequação dos seus custos às realidades económicas do setor, que, como se sabe, tem vindo a conhecer uma profunda crise”.
“Esse equilíbrio impõe uma política de poupança de custos que tornou exigível a adaptação dos recursos humanos do grupo às realidades do setor e das suas empresas”, justifica. Proença de Carvalho considera que “os media só podem cumprir o seu relevante papel nas sociedades democráticas, com independência e liberdade, se forem financeiramente sustentáveis e, por isso, é dever das administrações preservarem a independência financeira das empresas”.
O conselho de administração da Controlinveste é presidido por Daniel Proença de Carvalho desde a recente recomposição acionista que integrou no capital da empresa os empresários António Mosquito (27,5%) e Luiz Montez (15%), além dos bancos BCP e BES (ambos com 15%). O anterior proprietário, Joaquim Oliveira, passou a deter 27,5%.