Ficam sete muito boas razões para recordar António Joaquim Rodrigues Ribeiro – conhecido como António Variações.

1. Porque era um português típico, que viajou da aldeia para o mundo: nasceu em Braga, foi para Lisboa aos 12 anos, seguiu para Angola aos 18 para o serviço militar; de lá vai para Londres, e Amesterdão, regressando a Lisboa.

2. Porque era bom no que fazia. Começou como cabeleireiro, aprendeu o ofício em Amesterdão, abriu loja no Bairro Alto e chamou-lhe “É p’ro o menino e para a menina”, numa altura em que os cabeleireiros unisexo ainda eram uma raridade. Depois, sem qualquer formação musical que fosse para além do que ouvia, construiu uma carreira original.

3. Porque passou metade da vida a desafiar convenções. Foi cantar à RTP enfiado num pijama com ursos e, noutra ocasião, vestiu-se de comprimido gigante e atirou aspirinas ao público. Desafiava permanentemente as convenções de um Portugal puritano, andava muitas vezes de vestido, não tinha medo de mostrar quem era e como era.

4. Porque foi um moderno que não precisava de renegar as suas raízes. Assumia-se como estando “entre Braga e Nova Iorque”, remodelava a música portuguesa enquanto se rendia a Amália Rodrigues, que sempre assumiu como musa – e de quem cantou um arrepiante “Povo que lavas no rio”.

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5. Porque ajudou, como poucos, a popularizar a música moderna portuguesa. Enquanto o rock de Chico Fininho era visto de forma desconfiada e a pop dos Heróis do Mar apenas funcionava na grande Lisboa, já Variações cantava pelas vilas do país e contagiava as donas de casa através da rádio.

6. Porque não se preocupava com a moda, “mas sim com a estética”. Pôs Variações no nome para poder mudar, oscilar de acordo com o que lhe apetecia – isso sentia-se na música e ajuda a explicar porque é que ainda hoje parece que o tempo não passou por ela.

7. Por causa disto, disto e disto. As melhores razões.