Esta quinta-feira temos mais uma possibilidade de ver em ação a Colômbia, uma seleção que corre atrás do título de geração de ouro ainda na posse da Colômbia-1994, de Valderrama e companhia. Cuadrado, um ala da Fiorentina, assumiu-se como o motor da equipa, mas James Rodríguez promete espalhar muita classe. O adversário é a Costa do Marfim de Drogba, que pouco tempo depois de entrar contra o Japão viu o marcador dar uma cambalhota (2-1).

Uruguai e Inglaterra já se encontraram duas vezes em Campeonatos do Mundo. Foi em 1954 e em 1966: os sul-americanos venceram um e empataram o outro. Mesmo sem Luis Suárez, que está em duvida, este será um osso duro de roer para os ingleses. A esperança dos britânicos está no ataque com Sterling, Rooney, Sturridge e Welbeck, que oferecem técnica, velocidade e inconformismo, uma mistura pouco habitual na cultura inglesa.

Depois entra em ação a Grécia de Fernando Santos que, tal como o Japão, arrancou este Campeonato do Mundo com uma derrota. É tempo de reagir. As entradas de Karagounis e Mitroglou poderão (deveriam) estar a ser equacionadas pelo treinador português, que terá de ser mais ambicioso. Do outro lado estarão Nagatomo, Honda e Kagawa também a fazer pela vida. Em 2005, quando uma Grécia campeã europeia ainda estava fresca na memória, o Japão venceu por 1-0 no único duelo, até hoje, entre as duas equipas.

Colômbia — Costa do Marfim, às 17h

Olé vezes três, quanto dá? 3-0. Esta conta era fácil. Mas foi o suficiente para os colombianos deixarem grego Fernando Santos, na primeira jornada da fase de grupos. A Colômbia, sem Falcao mas com James Rodríguez a usar a canhota para pincelar o relvado com magia, enquanto Juan Cuadrado faz o que gosta: vai e volta, vai e volta, e vai e volta outra vez pela direita. Cansa só de ver. Agora imaginem os helénicos. A coisa fica muito resumida, mas é esta a lição que se aprendeu quando os cafeteros venceram a Grécia.

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Na frente, sozinho, jogou Teófilo Gutiérrez, o homem, aos olhos do seleccionador José Pekerman, mais tu-cá-tu-lá com os golos. Gostos não se discutem, mas as escolhas já se metem a jeito — o avançado do River Plate chegou ao Mundial com 8 golos marcados em 2013/14. A relação com o golo só pode ser platónica. A Jackson Martínez é mais carnal. O avançado do Porto levou os seus 29 golos para o Brasil e, com a lesão de Falcao e de Bacca (que falhou o primeiro jogo), era de esperar que surgisse ao lado de Teófilo em campo.

Pois era, mas não. Pekerman esquece o hábito de usar dois colombianos com a mesma profissão de início — dois avançados, como o fez em toda a fase de qualificação –, e deixou Gutiérrez como a seta de um 4-2-3-1. Ganhou. E pronto, assim fica difícil discutir. A Costa do Marfim também não facilita, mas a conversa também se puxa com o nome de um avançado. Só podia ser Didier Drogba. Os africanos venceram por 2-1 o Japão mas só meteram a bola na baliza a partir dos 66’. Agora adivinhem quem entrou em campo quatro minutos antes. Yup, o trintão matador, que não matou nenhum golo mas viu Bony e Gervinho a marcarem.

Com ou sem Jackson e Didier, é no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, que se decide o líder do Grupo C. A melhor coisa a fazer é mesmo palpitar, pois a história não nos entrega nada que meta Costa do Marfim e Colômbia ao barulho — as duas seleções nunca se defrontaram e, por isso, ainda teremos estreias à segunda jornada da fase de grupos. “É uma das equipas mais fortes da Copa e temos que ter grande respeito”, defendeu Cuadrado, ao falar sobre os africanos. E se o homem que vive o relvado a 200km/h diz isto, é melhor ter cuidado.

Uruguai — Inglaterra, às 20h

Quando Uruguai e Inglaterra se encontraram pela primeira vez num Campeonato do Mundo os primeiros já tinham dois no bolso (1930 e 1950). Falamos de 1954: o palco foi o Estádio St. Jakob, em Basileia, e o jogo contava para os quartos-de-final da prova. Os então campeões mundiais em título venceram a seleção dos três leões por 4-2: Borges, Varela, Schiaffino e Ambrois; Lofthouse e Finney. A equipa liderada por Lopez Fontana seria eliminada nas meias contra a Hungria de Puskás, Kocsis e companhia.

No Inglaterra-66 as duas seleções estiveram inseridas no mesmo grupo e até disputaram o jogo inaugural da prova. O Grupo 1 era exigente, pois juntava ainda a França e México. Passados 12 anos, os ingleses continuavam sem saber como enganar os uruguaios. Um zero-zero atrasaria as duas seleções, mas acabariam por seguir em frente para os quartos-de-final. O Uruguai seria logo eliminado pela Alemanha Ocidental (0-4), enquanto a Inglaterra teria uma caminhada triunfal até levantar o troféu em Wembley.

Entre 1953 e 2006, disputaram oito jogos extra-Mundial. A história fala-nos de um equilibrio: três vitórias para cada e dois empates. O resultado mais avolumado, para termos ideia do equilibrio, foi a vitória uruguaia em 1984 por 2-0. Isto é lengalenga, importante são as partidas a doer e essas aconteceram nos Mundiais de 1954 e 1966: vitória do Uruguai e empate.

No Mundial do Brasil ambas as seleções registaram derrotas no primeiro jogo, mas é a Inglaterra quem surge em muito melhor plano. A frescura, velocidade, técnica, inconformismo do ataque, uma mistura nada comum na cultura inglesa, são a maior fonte de confiança para os adeptos. Sterling é o homem do momento. Bom, é um rapaz de 19 anos nascido na Jamaica, que adora abanar com os rins alheios. Rooney, com uma exibição muito discreta, foi um dos mais visados pela critica, mas deverá manter a titularidade. Um problema observado contra a Itália foi a inferioridade numérica no meio-campo. A qualidade e dinamismo de Jack Wilshere poderão ser a solução mágica.

O Uruguai de Óscar Tabárez foi uma das grandes desilusões do arranque deste Mundial — derrota contra a Costa Rica (1-3). Depois do quarto lugar em 2010 esperava-se muito, muito mais. A defesa tem qualidade mas é no meio-campo que está o problema. Gargano já não tem o andamento de outros tempos e faz falta um jogador como Lodeiro para fazer a ligação com o ataque. Forlán já não é o que era. Luis Suárez continua em duvida mas é o coração e o craque desta seleção. O Uruguai precisa dele.

Japão — Grécia, às 23h

Há tempo. Calma, tudo pode mudar. É só a haver um vencedor no Colômbia vs Costa do Marfim para nos colarmos que nem uma lapa ao segundo lugar. O pensamento é o mesmo para Grécia e Japão, mas é obrigatório que alguém saia daqui a ganhar. As seleções que começaram o Grupo C a perder defrontam-se no Estádio das Dunas, em Natal, e se o duelo dá em empate, fica difícil que gregos ou japoneses ainda consigam chegar aos oitavos de final.

Os helénicos têm que largar a herança. Foram oito os anos que passaram com Otto Rehaggel, treinador alemão a quem a conquista do Europeu de 2004 deu moral para enraizar na seleção os valores da paciência, passividade e matreirice para esperar pelos que os outros fazem e reagir só e sempre a isso. Fernando Santos pegou nesta herança e desde 2010 que a tem em piloto automático. Contra o Japão, terá de acabar.

Os gregos precisam de uma vitória. Não há que reagir, há que ter a iniciativa. Não há que deixar a agressividade de Kostas Mitroglou, avançado, no banco. Nem manter lá sentado Giorgios Karagounis só por ter 37 anos. Fernando Santos tem que jogar com tudo. Como o fará o Japão, uma seleção repleta de pulgas elétricas — Kagawa, Nagatomo e Honda, por exemplo — que correm muito e aceleram a bola cada vez que lhe tocam. Em 2005, quando uma Grécia campeã europeia ainda estava fresca na memória, o Japão venceu por 1-0 no único duelo, até hoje, entre as duas equipas.