Pinto Balsemão, antigo primeiro-ministro, defende que não há uma terceira vaga de democratização no mundo e que os países cujo sistema assenta na democracia de padrão ocidental, nos EUA e na Europa, têm de “encontrar novas maneiras de renovar a democracia e o sistema democrático onde ele ainda existe”.

Na Europa, o fundador do PSD diz mesmo que há “manchas de desassossego” visíveis nas últimas europeias com a eleição de movimentos que não são categorizáveis à esquerda ou à direita, mas todos eles “sintomas de inquietação social e cultural”.

Como orador no Estoril Political Forum 2014 que decorre até quarta-feira, Francisco Pinto Balsemão mostrou-se pessimista em relação ao futuro da democracia, não só em Portugal e na Europa, mas em todo o mundo. Avaliando o sistema democrático em que vivem os países ocidentais pelos padrões de Karl Popper, o chairman do grupo Impresa diagnosticou que “a democracia está a funcionar mal”.

Como exemplo dos problemas que democracia enfrenta, Balsemão enunciou os estudos sobre a qualidade da democracia levados a cabo por António Costa Pinto, Luís de Sousa e Pedro Magalhães, dizendo que o descontentamento com a democracia em Portugal é cada vez maior, assim como a inação das instituições europeias perante a crise das dívidas soberanas mostrou a sua “inoperacionalidade”.

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“Com a democracia que temos no presente não podemos mantê-la viva no futuro. Os poderes democráticos atuais são conversadores, não querem mudar porque não querem perder o poder” sublinhou Balsemão, referindo-se ao “fatal conservadorismo” dos governos democráticos, incluindo Portugal.

“As pessoas em Portugal agarram-se ao poder e não permitem mudar o sistema eleitoral, que já devia ter mudado há que tempos”, enunciou Pinto Balsemão.

Balsemão questionou ainda as formas alternativas do exercício da cidadania, como os grupos de interesse ou orçamentos participativos, interrogando-se sobre a viabilidade da sua incorporação num sistema político democrático.

Daniel Proença de Carvalho, advogado e ex-ministro, também presente na conferência, apontou que o problema em Portugal se prende com a atual “degradação da qualidade da democracia”. “