“Quem me conhece sabe que comigo isto é a sério”. É assim que Jorge Coelho, a escolha consensual para presidir à comissão eleitoral que vai preparar as primárias no PS, reage, em declarações, à polémica em que este ato eleitoral já está envolto.

“Irei fazer tudo para que o processo decorra com normalidade”, frisou Coelho, ex-ministro de António Guterres (teve quatro pastas diferentes) e tem tido um papel determinante nos bastidores dos processos de sucessão no partido. Em 2005, foi ele que “arbitrou” a disputa entre José Sócrates e António José Seguro, que permitiu ao primeiro ser eleito secretário-geral sem muita contestação em público. “Quando tenho tentado fazer isso na minha vida política nunca me saí mal”, explica.

Coelho revela que só aceitou presidir à comissão eleitoral por escolha unânime de António Costa e António José Seguro, pois essa foi uma condição que impôs a si próprio (“Só aceitaria nessas circunstâncias”). O convite formal ocorreu esta madrugada às duas da manhã (“Recebi telefonemas dos dois a perguntarem-me se aceitava”) a meio da reunião da comissão política que viria a aprovar o regulamento das primárias. “É uma enorme responsabilidade ter sido escolhido por absoluto consenso das partes envolvidas”, acrescenta.

Sem querer entrar em detalhe sobre as acusações entre a candidatura de António José Seguro e António Costa, nomeadamente sobre os estatutos, o ex-ministro de Guterres acredita que poderá ajudar a que o PS saia mais “forte” e como uma “alternativa forte” ao Governo desta disputa interna que já está a ser dura.

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“Compete-me fazer o que tenho para fazer bem. As pessoas conhecem-me, isto vai ser feito a sério e com transparência e em articulação permanente com todas as pessoas” dos dois lados das candidaturas, acrescentou, destacando “a excelente relação” que tem com Costa e Seguro. “Somos amigos e há um clima de confiança”, congratula-se.

O nome de Jorge Coelho para presidir à comissão eleitoral foi proposto por Costa no domingo e esta madrugada Seguro deu a sua concordância. Seguro recusou contudo criar uma comissão fiscalizadora das eleições, que Costa queria entregar a António Vitorino.