Atualmente há 237 árvores municipais, de sete espécies, classificadas como de interesse público no Porto, atributo que as dignifica e que lhes reconhece “caráter benéfico e valioso, não só para a cidade em si mas também para as suas comunidades, para as populações e para os visitantes”, afirmou, em declarações à Lusa, Isabel Lufinha, engenheira do pelouro do Ambiente da Câmara do Porto.

Pelo seu desenho, porte, raridade ou interesse histórico e paisagístico, estes exemplares municipais estão protegidos enquanto monumentos vivos e são hoje “contadores de histórias”, além de serem “elementos riquíssimos em termos botânicos”.

A Ginkgo (ou nogueira-do-japão) no passeio das Virtudes, a Araucária (ou bunia-bunia) no jardim da Cordoaria, o Tulipeiro da Casa Tait, o conjunto de palmeiras no Passeio Alegre e a avenida dos plátanos, também na Cordoaria, são alguns exemplos de árvores classificadas cuja presença não passa desapercebida.

O Porto é uma cidade “extremamente verde” e “há que valorizar esse património”, afirmou o vereador do pelouro do Ambiente e Inovação, Filipe Araújo, que acredita que “a breve trecho” será possível dar a conhecer aos munícipes e a quem visita a cidade o património arbóreo, através de um roteiro turístico, em formato digital ou em papel.

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“Temos essa intenção, a ideia é ir recolhendo o maior número e a maior qualidade possível de informação associada a cada uma das árvores e fazermos um mapa, um roteiro turístico, mas desta vez com as nossas árvores classificadas”, frisou também Isabel Lufinha.

Para Isabel Lufinha, à semelhança de um roteiro de monumentos de arquitetura, este sobre árvores classificadas faz todo o sentido, porque “é um valor patrimonial igualmente forte, igualmente válido e com muitos amantes, também”.

A primeira classificação de árvores na cidade remonta a 1939, com um ulmeiro (Cordoaria), um pinheiro manso (avenida da Boavista) e um tulipeiro-da-virgínia com mais de 300 anos (escola pública João de Deus), sendo este o único dos três exemplares que ainda existe.

Mas foi em 2004 que ocorreu um “boom” de classificações de árvores da cidade, quando associações ambientalistas, em colaboração com a Câmara, decidiram impulsionar o processo, apresentando as candidaturas.

A preservação e manutenção destes seres vivos estão salvaguardadas, porque “qualquer intervenção tem que ter o parecer e autorização prévia da tutela [Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas]”, disse Isabel Lufinha, lembrando ainda que a lei estabelece um raio de proteção de 50 metros.

O vereador Filipe Araújo adiantou ainda que a autarquia tem já mais árvores em processo de classificação, porque ao querer dar este estatuto a mais espécies a Câmara está também “a reproduzir a importância que têm, a dar relevância e a valorizar a cidade”.

A técnica da autarquia não tem dúvidas de que estas árvores monumentais “precisam de muita dedicação, vigilância e proteção”.

“Devemos ter todos os cuidados que conseguirmos e soubermos ter, mas também somos mais cuidadosos com a saúde dos nossos avós do que com a nossa e é um bocadinho esse valor que permanece”, concluiu.