Sábado, cinco da tarde, rua Juan Ramón Jiménez, Madrid. Alfredo Di Stéfano sofre um ataque cardíaco e cai. O INEM espanhol tenta reanimá-lo durante 18 minutos. Consegue e o “flecha loira”, como ficou conhecido, é transportado para o Hospital Gregorio Marañón. Esta segunda-feira, cerca de 48 horas depois, o coração daquele que é uma das maiores referências do futebol mundial, estrela galáctica do Real Madrid, parou. Morreu Alfredo Di Stéfano.
Na véspera da paragem cardiorrespiratória junto ao estádio onde tudo começou, em 1953, Di Stéfano tinha celebrado o 88º aniversário. Nessa tarde deu entrada no hospital da capital espanhola e foi para os cuidados intensivos, onde ficou em coma induzido. “O Real Madrid anuncia que o presidente honorário, Alfredo Di Stéfano, morreu hoje no Hospital Geral Universitário Gregorio Marañón em Madrid.”, lê-se no comunicado do Real Madrid. Na mesma mensagem, o presidente merengue, Florentino Pérez, diz que morreu “o melhor jogador de todos os tempos.”
Em 1953 o homem que nasceu na Argentina chegou ao Bernabéu. Ajudou a construir a equipa merengue que conquistou cinco Taças dos Campeões Europeus seguidas. Di Stéfano marcou em todas as finais. Vestiu a camisola do Real durante dez épocas, em 510 jogos marcou 418 golos. Saiu com 38 anos, em 1964, oito campeonatos nacionais de Espanha depois. Foi para o Espanhol, de Barcelona, onde continuou a enganar guarda-redes durante mais dois anos. Aos 40 pendurou as chuteiras que começou a calçar de forma profssional no River Plate, da Argentina. Depois foi para o Millonarios, da Colômbia, seguiu-se o Real Madrid.
A nível internacional o percurso dava uma novela. Jogou com a camisola da Argentina, que o viu nascer, seis vezes. Depois vestiu o amarelo e azul da Colômbia por quatro vezes. A FIFA nunca reconheceu oficialmente essas aparições. Em 1954 o organismo máximo do futebol internacional disse que não poderia jogar pela Espanha, mas passados três anos, em 57, ao conseguir a cidadania espanhola Di Stéfano pôde equipar com as cores da “Roja”. Realizou 31 jogos, marcou 23 golos. Mas nunca jogou um Mundial.
Após uma carreira a fazer balançar as redes adversárias, o ponta-de-lança decidiu ajudar os outros a chegarem ao sucesso. Começou a carreira de treinador no Elche, de Espanha, seguiu para a Argentina, para o Boca Juniors e para o River Plate. Regressou para o Valência, e depois veio para Portugal, para o Sporting (pré-época 1974/75, ganhou apenas um jogo). Dos leões saiu para regressar a casa, ao Real Madrid. Ainda passou pelo Rayo Vallecano e pelo Castellón.
Tratava a bola por “la vieja”, e ao longo dos 88 anos de vida proferiu frases que ficaram tão famosas como alguns remates certeiros – “Marcar golos é como fazer amor. Todo mundo sabe como se faz, mas ninguém faz como eu”; “Um jogo de futebol sem golos é como um Domingo sem sol”.
A partir das 19h (hora de Madrid) o corpo de Alfredo Di Stéfano vai estar em câmara ardente no Estádio do Real Madrid. O tal onde tudo começou, e acabou.
O adeus a um dos melhores jogadores de todos os tempos
Foi na companhia de Di Stéfano e de Eusébio que se apresentou Cristiano Ronaldo como reforço no Real Madrid. Na página do Facebook o português expressou a perda: “É um dia muito triste. Para mim, para todos os madridistas, para o mundo do futebol. Don Alfredo deixa-nos, mas não o seu espírito. A sua memória vai durar para sempre nos nossos corações, porque as lendas nunca morrem. Obrigado por tudo e descanse em Paz, Maestro. #EternoAlfredo”
O ainda companheiro de equipa, Iker Casillas, também lamenta a perda no Facebook. “DEP [descansa em paz] Don Alfredo, o maior. Lenda do madridismo, sempre connosco. Sempre o recordarei Maestro”, diz o guarda-redes, fazendo coro com a declaração oficial do clube onde Don Alfredo era presidente honorário. Num discurso emocionado, Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, falava do grande jogador Di Stéfano e do legado ao clube e ao futebol mundial. O fãs vão poder despedir-se amanhã, às 10h30 (hora local), no Santiago Barnabéu.
As mensagens de condolências continuam nas redes sociais deixadas por atletas como Xabi Alonso ou Andrés Iniesta, ou por clubes como o Atlético de Madrid ou o Valência Futebol Clube. Também o Sporting Clube de Portugal onde o treinador esteve à frente da equipa durante uma pré-temporada.
Morreu hoje, aos 88 anos, Alfredo Di Stéfano. o Sporting Clube de Portugal envia as mais sentidas condolências. #Don pic.twitter.com/jACYuGOEui
— Sporting CP ???? (@SportingCP) July 7, 2014
Mais clubes como o Sport Lisboa e Benfica e o Futebol Clube do Porto aproveitaram o Twitter para noticiar e lamentar a morte do homem que tanto marcou o futebol, mas é, sem surpresa, o Real Madrid que se manifestou mais, tanto nas redes sociais como na página oficial com uma série de artigos e imagens dedicadas ao “flecha loira”.
Realmadrid TV dedica una programación especial a Alfredo Di Stéfano http://t.co/CaEDmUHAPo #EternoAlfredo #Leyenda pic.twitter.com/G8dAt4QNPo
— Real Madrid C.F. (@realmadrid) July 7, 2014