Depois de, na semana passada, um alegado ato de vingança israelita ter resultado no brutal assassinato de um adolescente palestiniano, o que desencadeou uma nova vaga de violência e o receio de uma terceira intifada, um dos seis extremistas judeus detidos no domingo já confessou o crime.

De acordo com o Jerusalém Post, os suspeitos são descritos como “jovens menores de idade” oriundos de uma comunidade judaica na Cisjordânia. A confissão terá sido feita durante um interrogatório intensivo na Agência de Segurança de Israel, onde só um dos seis jovens estará a cooperar com as autoridades.

“Foi um ato chocante e inaceitável”, disse o ministro israelita da Segurança Pública Yitzhak Aharonovitch num comunicado emitido depois das detenções de domingo, acrescentando que “os responsáveis têm de ser fortemente condenados, especialmente num país com uma democracia forte como é o Estado de Israel”. O ministro israelita condena assim o assassinato e atribui a responsabilidade a forças extremistas. “O Estado de Israel é um país que obedece à lei e vai tomar as medidas necessárias contra aqueles que a violam”, reforça.

Imagens de uma câmara de segurança na noite do rapto de Mohammed Abu Khdeir mostram os rostos de dois dos suspeitos agora detidos, que estarão a falar para uma terceira pessoa que se acredita ser a vítima, o jovem árabe de 17 anos. A polícia já tinha ligado os suspeitos a uma outra tentativa de rapto de uma criança, que terá ocorrido em Jerusalém Oriental na noite anterior ao rapto de Abdu Khdeir, mas sem sucesso.

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O assassinato de Abu Khdeir desencadeou uma onda de protestos por toda a região oriental de Jerusalém, com os residentes a exigirem vingança contra os extremistas israelitas. O corpo do jovem palestiniano foi encontrado quase totalmente carbonizado numa floresta às porta de Jerusalém. De acordo com a autópsia, o jovem foi queimado vivo e apresentava queimaduras em mais de 90% do corpo.

O crime foi visto como uma vingança de Israel pelo assassinato, dias antes, de três jovens israelitas, de 16 e 19 anos. Na altura as autoridades responsabilizaram o grupo islâmico do Hamas pelo crime e juraram retaliação. Depois da morte de Abu Khdeir, foi a vez da Autoridade Palestiniana exigir responsabilidades ao governo de Israel, incitando-o a tomar as medidas necessárias para acabar com o “racismo e as ações criminosas levadas a cabo por extremistas” que vitimaram o jovem árabe apenas pela sua nacionalidade.

Benjamin Netanyahu condenou o crime como “repreensível e repugnante”. Entretanto, apesar de a lei de Israel não prever a pena de morte, o rabino Elyakim Levanon, que representa a região de Samaria, já afirmou que os suspeitos, caso se confirme a autoria do crime, devem ser condenados à pena máxima. Tanto os suspeitos da morte dos três jovens judeus, como os da morte do jovem árabe.

Gaza a ferro e fogo

Enquanto se apuram responsabilidades pela morte dos jovens de ambos os lados do conflito, continuam os bombardeamentos. Esta madrugada, ataques aéreos israelitas mataram pelo menos nove palestinianos alegadamente do Hamas e da Fatah no centro de Gaza, naquele que é já o ataque isolado com mais vítimas desde 2012.

“O alvo foi atingido”, lê-se num comunicado do Exército de Israel, que acrescenta que a operação foi “bem sucedida na tentativa de travar outro ataque contra Israel”, por ter permitido “derrubar terroristas que estavam envolvidos no lançamento de rockets em direção a Israel a partir do cento da Faixa de Gaza”.

Segundo a Al-Jazeera, o Hamas lançou pelo menos 25 rockets ao longo da fronteira desde a manhã de domingo, o que culminou numa madrugada de intensos bombardeamentos com a chegada da resposta de Israel. Os ataques aéreos israelitas, no entanto, já mereceram a ameaça da ala militar do Hamas, que garante que Israel vai “pagar um preço elevado”.

Já a BBC informa que seis soldados do Hamas foram atingidos num único ataque perto da cidade de Rafah, no sul da faixa de Gaza, enquanto outros três terão perdido a vida na sequência de outros ataques isolados lançados ao longo da noite.