A visão periférica. No futebol, é coisa tramada. Então se meter um Mundial pelo meio, o cenário piora. Nos últimos 29 dias, o Brasil transformou-se num foco de atenções. É por lá que os olhares se têm centrado em goleadas, prolongamentos enfadonhos ou jogadores a darem nas vistas. Longe da Copa, porém, têm havido novidades. E muitas. Desde 1 de julho, por exemplo, já saíram 37 milhões de euros de Portugal. Um valor que nem chega a metade dos 81 milhões gastos esta semana pelo Barcelona. Tudo para o mesmo propósito — comprar jogadores.
É disto que este texto se trata: meter as contas em dia. Das transferências, claro. Por isso, há que começar com a mais recente. A de Luis Suárez. O craque dentudo, o uruguaio que saiu da Copa com uma mordidela, foi contratado pelo Barça ao Liverpool. Aos 27 anos, contudo, o avançado só vestirá a camisola culé a partir de 25 de outubro, quando terminar o castigo imposto pela FIFA.
Liga portuguesa, 37 milhões de euros gastos
Mas já lá vamos. Comecemos com Portugal. Desde o primeiro dia de julho que chegaram 188 jogadores à liga Zon-Sagres. Contratados ou retornados de um período de empréstimo, a verdade é que se repartiram pelos 18 clubes que, esta época, vão coabitar na principal divisão do futebol português. O destaque, claro, vai para as quantias gastas por Benfica, Porto e Sporting.
Até esta sexta-feira, os grandes utilizaram cerca de 26,1 milhões de euros em compras. Ou melhor, os encarnados e os leões. Isto porque o Porto, apesar de já acrescentado Daniel Opare, Ricardo, Sami, Evandro e Óliver Torres (por empréstimo) ao plantel, não revelou, no caso dos dois últimos, as quantias pagas a Estoril e Atlético de Madrid. Quanto aos primeiros três, todos estavam em final de contrato e, portanto, os dragões nada tiveram que pagar a Standard de Liège, Académica e Marítimo.
Esta sexta-feira, o nome de Adrián, avançado do Atlético de Madrid, foi indicado como a próxima contratação do Porto.
O Benfica, de acordo com o site Transfermarkt, gastou até agora 14 milhões de euros para contratar Loris Benito (o tal que tem jeito para apanhar furões e veio do Zurique, por 3 milhões), César (Ponte Preta, 3 milhões), Luis Filipe (Palmeiras, 2 milhões), Anderson Talisca (Bahia, 4 milhões) e Pawel Dawidowicz (Lechia Gdansk, 2 milhões). Djavan, defesa esquerdo, e Daniel Candeias, extremo, chegaram a custo zero da Académica e do Nacional da Madeira. Nas última semanas, a imprensa tem dado Derley, avançado do Marítimo, e Victor Andrade, médio do Santos, como as próximas novidades.
Já o Sporting, até ao momento, gastou cerca de 12,1 milhões de euros para preencher o cesto de compras com seis produtos. O mais recente acrescento foi Ryan Gould, pequenote escocês, de 21 anos, cujo físico e a coincidência de preferir jogar com o pé esquerdo lhe colaram a alcunha de ‘mini-Messi’. Por ele, os leões pagaram 3,7 milhões de euros ao Dundee United. Mais caro, portanto, do que Simon Slavchev (Litex Lovetch, 2,5 milhões), Paulo Oliveira (V. Guimarães, 2 milhões), Oriol Rosell (Sporting Kansas, 1,2 milhões), André Geraldes (Basaksehir, 800 mil) e Junya Tanaka (Kashima Reysol, 750 mil).
Vender também conta
E vendas? Bem, aqui, as histórias são outras. Após amealhar 33,5 milhões de euros com as vendas de Fernando (Manchester City), Juan Iturbe (Hellas Verona) e Castro (Kasimpasa), há mais outro jogador do Porto que arregala os olhos de quem o vê desde fora — Eliaquim Mangala. Ir ao Mundial e jogar também não ajudou, e até a CNN o escolheu como um dos jovens que poderão mudar de casa este Verão.
Do lado encarnado de Lisboa, já se sabe, após a final do Mundial, Ezequiel Garay vai direto para São Petersburgo (o Zenit pagou seis milhões de euros para o contratar). Alan Kardec ficou de vez no Palmeiras, a troco de 4,5 milhões, e Lisandro López, após muito mostrar no Getafe, vai cumprir mais um empréstimo, desta feita no Granada. De resto, a imprensa espanhola vai insistindo de Jan Oblak está a namoriscar com o Atlético de Madrid, o campeão do país vizinho que, pelos vistos, também quer meter Nico Gaitán às ordens de Diego Simeone.
No Sporting tudo tranquilo. Por enquanto. Há muito que se fala no apetite que William Carvalho desperta em Manchester, a que se junta a curiosidade que Marcos Rojo, improvisado defesa esquerdo da Argentina no Mundial, escreve-se, tem criado no Chelsea, Barcelona e Liverpool.