No final da última reunião dos ministros da saúde europeus, quinze países decidiram responder ao apelo realizado pela França e uniram-se contra o elevado custo do novo medicamento para a hepatite C, exigindo uma diminuição do preço ao Gilead, o laboratório norte-americano que o produz. De acordo com o El Pais, a Espanha não recebeu nenhum convite para esta “rebelião”, embora a proposta tenha sido distribuída pelos serviços do Conselho Europeu aos ministros durante a reunião em Luxemburgo nos dias 19 e 20 de junho.
“A questão vai ser discutida hoje, pelo que não subscrevemos nada”, explica ao diário um porta-voz do Ministério da Saúde espanhol. Esta terça-feira realizar-se-á um encontro de diretores gerais em Bruxelas onde está previsto ser abordado o tema dos custos dos novos tratamentos para a hepatite C. “Estamos dispostos a colaborar com os outros países neste sentido”, acrescentou o porta-voz.
A proposta francesa pretende ser uma espécie de protesto conjunto contra a indústria farmacêutica para que reduza o preço do novo medicamento que contém a substância ativa sofosbuvir. Já subscreveram a proposta a Alemanha, Itália, Polónia, Holanda, Portugal, Bélgica, Roménia, Eslováquia, Eslovénia, Chipre, Croácia, Irlanda, Lituânia e Luxemburgo. De acordo com a porta-voz do Ministério da Saúde francês, citada pelo diário espanhol, o laboratório farmacêutico não reagiu a esta proposta.
“Os preços fixados para os novos medicamentos contra a hepatite C são extremamente elevados e insustentáveis”, pode-se ler na declaração conjunta, que também adverte para o fato de os valores pedidos poderem vir a excluir milhares de pacientes deste tratamento. “Os preços dos medicamentos devem ter em conta os orçamentos nacionais e a sustentabilidade dos sistemas de saúde para que os pacientes tenham acesso às inovações farmacêuticas”, acrescenta o comunicado.
De acordo com o El Pais, o tratamento completo com sofosbuvir custa quase 60 mil euros. A Agência Europeia do Medicamento aprovou o fármaco em janeiro mas na Espanha o medicamento ainda não se encontra disponível no sistema de saúde pública. Desde o início do ano que as autoridades sanitárias se encontram em negociações com o laboratório de forma a encontrar um preço que permita a integração do fármaco no sistema de saúde pública. Segundo uma notícia de junho do Público, em Portugal a primeira proposta de preço foi de 48 mil euros por tratamento.