Dois homens seropositivos permanecem livres do vírus há mais de três anos, depois de terem recebido um transplante de medula óssea. Os resultados desta investigação serão apresentados no simpósio “No caminho para a cura do VIH” (Towards an HIV cure), a 19 de julho, integrado na 20ª Conferência Internacional sobre Sida, que começa este domingo em Melbourne, Austrália.

Os resultados serão apresentados por David Cooper, responsável pela investigação e diretor do Instituto Kirby da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW), em Sidney. Ambos os doentes foram tratados no Hospital St. Vincent. Estão há mais de três anos sem níveis detetáveis do vírus, mas continuam o tratamento com antirretrovirais por precaução, segundo o comunicado do Centro de Ciência para os Media australiano.

Um destes doentes tornou-se o primeiro caso de transplante de medula óssea de um dador que não tem resistência genética natural ao vírus. Recebeu o transplante porque tinha leucemia (cancro que atingue o sangue e começa na medula óssea). O outro doente recebeu o transplante porque tinha um linfoma (cancro que atinge o sistema linfático) não-Hodgkin, mas o dador neste caso tinha uma de duas cópias possíveis do gene que confere protecção contra o VIH (vírus da imunodefeciência adquirida).

Já em 2012, dois seropositivos tinham sido submetidos a transplantes semelhantes de medula óssea em Boston – nenhum dos casos continha a mutação do gene. Assim que o tratamento antirretroviral foi interrompido, o VIH voltou a ser detetado no sangue dos doentes, refere o comunicado da UNSW.

O único caso conhecido até agora de um doente que se tenha curado da infeção é o de Timothy Ray Brown, um norte-americano que recebeu dois transplantes de medula óssea em Berlim (em 2007 e 2008). Nesse caso, o segundo dador tinha ambas as cópias do gene que confere protecção contra o HIV (mutação delta32 CCR5) – que existe em menos de um por cento da população. Timothy Ray Brown já não se encontra em terapia antirretroviral nem voltou a apresentar sinais do vírus.

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