A Liga de Bombeiros e a Associação dos Bombeiros Profissionais atribuíram à chuva a responsabilidade pela redução do número de incêndios neste verão, mas admitem que o aumento dos meios de combate também ajuda.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Liga Portuguesa de Bombeiros (LPB), Jaime Soares, disse que este verão tem sido “muito fraco” em termos de calor e isso tem contribuído para o registo de menos incêndios.

“Este verão ainda ‘não existe’, pois temos tido muitos períodos de chuva e de humidade e esta é uma das melhores armas [de combate aos fogos]. O S. Pedro é o melhor bombeiro que nós temos”, realçou.

No entender de Jaime Soares, também o aumento dos meios de combate veio favorecer a situação”Houve um aumento dos meios humanos, materiais e de equipamentos a que não estávamos habituados. Há muito mais organização do que no ano passado”, disse.

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Jaime Soares criticou, no entanto, a falta de prevenção através da limpeza de terrenos, uma lacuna antiga que urge ser resolvida. “Continua mal. (…) isto é um problema cultural de fundo e que não se resolve de um dia para o outro. Há zonas do interior que é difícil resolver, uma vez que os terrenos na sua maioria pertencem a idosos que não têm nem dinheiro para a limpeza, nem têm condições físicas para o fazer”, disse.

Também o presidente da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais (ANBP), Fernando Curto, disse à Lusa que o estado do tempo tem favorecido o registo de menor número de fogos.

“O tempo é um fator muito importante nestes processos. Temos tido um verão quase de inverno e isso tem vindo a favorecer a situação”, salientou.

Apesar disso, Fernando Curto considera que não “há motivos para grandes festejos” e lembrou que na semana passada um bombeiro ficou ferido com gravidade e outros três sofreram ferimentos ligeiros no combate a um incêndio em Cortiços, Macedo de Cavaleiros.

Fernando Curto disse ainda que estas situações relacionadas com o tempo são enganosas, uma vez que muitas vezes o calor vem fora de época.

“Se há muito calor temos incêndios antes do tempo, se não há vão acontecer depois do tempo, prolongando a época. Na minha opinião, continua a faltar uma reforma estrutural de tudo o que tem a ver com os incêndios: uma maior profissionalização, formação organização dos bombeiros”, disse. O responsável salientou ainda que a “culpa está na falta de prevenção” de incêndios e de investimentos.

“Não há uma situação estrutural de prevenção municipal, do Estado e do cidadão. Se o Estado não cuida como o cidadão pode fazer. Há também um investimento maior no combate do que na prevenção e enquanto isso acontecer estaremos sempre sujeitos às catástrofes que são os incêndios florestais em Portugal”, disse.

No dia 1 de julho teve início a época mais crítica em incêndios florestais com um dispositivo de combate reforçado este ano com mais 250 bombeiros e quatro meios aéreos, em relação a 2013.

De acordo com dados da Autoridade Nacional de Proteção Civil, desde o dia 01 de julhos registaram-se mais de 750 incêndios.