A FIFA não vai revelar publicamente o relatório da investigação à atribuição dos Mundiais de 2018 e 2022 às candidaturas da Rússia e do Qatar. Só a decisão final do Comité de Ética e Disciplina será divulgado, adiantou esta segunda-feira a entidade que gere o futebol internacional. E há mais — o relatório apenas será entregue “na primeira semana de setembro”.
O que constitui um atraso em relação à data estimada inicialmente. Na segunda semana de junho, a FIFA anunciou que Michael Garcia começara a escrever. Ao fim de 18 meses interrogar suspeitos e a recolher documentos, o juiz norte-americano, responsável por liderar a investigação, já estava a redigir o relatório final.
Michael Garcia, nomeado pela FIFA em julho de 2012, até estimou que o documento fosse divulgado em julho. “Não terá apenas que escrever, mas terá também o dever de analisar o aspeto ético e moral deste caso, e depois reportar as conclusões ao Comité Executivo”, dizia, na altura, Joseph Blatter, presidente da entidade.
As recomendações feitas pelo norte-americano no documento, contudo, não serão divulgadas. “O relatório será entregue à câmara decisória, mas só a decisão final poderá ser tornada pública”, sublinhou um porta-voz da FIFA ao World Football Insider, afirmaria também “não dispor” de qualquer informação acerca “da entrega do relatório”.
Já depois desta notícia ser avançada, a FIFA publicaria esta segunda-feira um comunicado, face “às perguntas sobre a investigação”, no qual garantiu unicamente que “espera entregar o relatório na primeira semana de setembro”. Ou seja, a decisão será conhecida apenas a partir desse período.
Em junho passado, recorde-se, o Sunday Times afirmou estar em posse de uma série de documentos que provavam o envolvimento de Mohammed Bin Hamman, ex-membro do comité executivo da FIFA, num esquema de subornos aquando da votação nas candidaduras à organização dos Mundiais de 2018 e 2022.
O também antigo presidente da Confederação Asiática de Futebol teria pago cerca de 3,7 milhões de euros para comprar votos favoráveis à proposta do Qatar — país que ficou como anfritrião da Copa que se realizará daqui a 12 anos. Na altura, porém, o The Guardian avançou que Michael Garcia não iria ter em conta os alegados documentos.
Este foi o segundo caso a envolver o nome de Bin Hamman. Em julho de 2011, cerca de um ano antes de Michael Garcia ser escolhido para liderar a investigação, o dirigente qatari foi banido por suspeitas de chefiar um outro esquema de subornos — terá pago a vários dirigentes da Associação de Futebol das Caraíbas, em troca de votos para as eleições presidenciais da FIFA, às quais concorreu inicialmente contra Joseph Blatter.