Desde quinta-feira que é o nome que corre em Bruxelas e também em Lisboa: Maria Luís Albuquerque pode ser a próxima comissária europeia portuguesa. Segundo apurou o Observador, Passos Coelho não descartou a hipótese, apesar de já ter reconhecido em círculos próximos, há algumas semanas, que esta hipótese colocaria desafios difíceis no Governo: substituir a ministra das Finanças à beira do último orçamento da legislatura, em ambiente de tensão crescente com o CDS e, sobretudo, com a crise no Grupo Espírito Santo a atingir o auge e a exigir máxima atenção do Executivo.

“De todos os nomes do mundo, se Passos Coelho pudesse escolher um, o preferido dele seria o de Maria Luís Albuquerque”, dizia esta terça-feira um influente social-democrata. Outro deles garantia mesmo ao Observador que Passos já teria colocado a hipótese na conversa que teve na última semana com o novo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Sobretudo depois de perceber que Portugal pode ainda conseguir uma importante pasta económica na próxima comissão, quiçá a do orçamento comunitário. A atual ministra das Finanças reforçaria as hipóteses de Portugal de conseguir essa importante pasta, um cenário sempre dado como improvável tendo em conta que Portugal esteve nos últimos 10 anos à frente da Comissão Europeia.

Nas últimas semanas, quase todos os países designaram já os seus candidatos para apreciação de Juncker. E da análise aos nomes, sobressaem duas conclusões: quase todos têm forte experiência governamental (o que obrigará Portugal a jogar nomes de maior peso político se quiser ter influência nos próximos cinco anos); e quase nenhum levou a sério o pedido de Juncker para que fossem apresentadas mulheres para o cargo. De resto, o luxemburguês já fez saber a Passos que quer ter nomes à prova de bala, para não haver problemas nas audições prévias que serão marcadas com cada candidato no Parlamento Europeu.

Em Lisboa, algumas das pessoas do círculo mais próximo de Passos garantem já que a sua escolha deve recair sobre uma mulher, precisamente por esta razão. E ontem eram já muitos os contactados pelo Observador que admitiam o cenário Maria Luís como “possível”, quando não como “uma boa hipótese”.

A questão central, agora, é saber se Passos arrisca mesmo substituir a ministra das Finanças tão perto do fim da legislatura. “É uma equação complicada”, admite um dirigente. A decisão final não está fechada, mas o primeiro-ministro vai tentar fechar o dossiê quando regressar de Díli, onde está esta quarta-feira na cimeira da CPLP. De resto, um palco onde também está Cavaco Silva, com quem Passos tem de articular uma solução.

Em espera está Carlos Moedas, um dos nomes dados como possíveis caso Maria Luís Albuquerque rume mesmo a Bruxelas. Moedas deixou de ter a sua principal tutela como secretário de Estado-Adjunto de Passos após a saída da troika e tem marcada uma conversa com Passos sobre as suas funções futuras.

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