Numa série de ações coordenadas de medidas diplomáticas e financeiras, vários países da América Latina estão a tomar uma posição sobre o conflito israelo-palestiniano. El Salvador, Chile, Peru, Brasil e o Equador mandaram regressar os embaixadores que estavam destacados em Israel, enquanto o Brasil, Argentina, Venezuela, Uruguai e Paraguai suspenderam as negociações do Acordo de Livre Comércio, exigindo um cessar-fogo imediato em Gaza.

O Chile, o país com a maior população palestiniana fora do Médio Oriente, foi o primeiro a cortar laços, o que não deve ser interpretado como um gesto insignificante, pois trata-se de um país com fortes ligações económicas e militares a Israel.

Evo Morales, presidente da Bolívia, acusou, quarta-feira, Israel de ser um “estado terrorista” e afirmou que, a partir daquele momento, os israelitas iam precisar de visto para entrar no seu país. “Israel não garante o princípio pelo respeito pela vida e o direito básico de viver em harmonia e paz”, disse.

O porta-voz do ministro dos negócios estrangeiros israelita, Yigal Palmor, reagiu e disse estar “desapontado” com a “recolha” dos embaixadores. Sublinha que este tipo de ações só vão encorajar o Hamas, “um grupo reconhecido como uma organização terrorista por muitos países no mundo.”

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Ainda no mesmo discurso, Yigal Palmor fez comentários menos consensuais: chamou o Brasil de “anão diplomático” e fez piadas sobre a derrota na semifinal do Campeonato Mundial de Futebol. Desde 2010, quando o Brasil reconheceu numa cimeira das Nações Unidas a existência do estado palestiniano, as ligações entre os dois países ficaram perturbadas, escreve o Washington Post.

À primeira hipótese de resposta, Dilma Rouseff decidiu avivar a memória do ministro israelita: “O Brasil foi o primeiro país a reconhecer Israel. O Brasil é um amigo de Israel…, mas está a ocorrer um massacre na faixa de Gaza.”

O Uruguai e a Argentina, ambos com grandes comunidades judaicas nos países, não retiraram os embaixadores de Israel.