Tem entre os 50 e os 65 anos? Então talvez seja bom saber que, de acordo com um novo estudo sobre a prevenção do cancro, o consumo diário de uma aspirina pode reduzir drasticamente as hipóteses de contrair a doença. Uma equipa de investigadores do centro de prevenção de cancro da Queen Mary University, em Londres, concluiu que se poderiam evitar mais de 130 mil mortes em 20 anos, caso a população cuja idade se compreenda entre os 50 e os 65 anos tomasse uma aspirina por dia, todos os dias, durante dez anos, no mínimo.

A aspirina “parece ser o que de mais importante podemos fazer para reduzir o risco de cancro, depois de deixar de fumar e reduzir a obesidade, e provavelmente será mais fácil de implementar”, disse Jack Cuzick, um dos investigadores da equipa responsável pelo estudo, citado pelo The Guardian. Durante uma conferência de imprensa o cientista explicou que ele próprio toma aspirinas todos os dias. “As aspirinas fazem parte do meu ritual diário antes de ir para a cama e é um hábito fácil de manter”.

A aspirina foi desenvolvida originalmente para ser um analgésico e antipirético, mas já se provou que pode reduzir os riscos de ataque cardíaco e derrames. A grande questão agora é saber se os benefícios do consumo diário de aspirinas superam os malefícios — a aspirina pode causar hemorragias estomacais, o que pode ser fatal para algumas pessoas, sobretudo se tomado em doses excessivas.

De acordo com o estudo da equipa de Jack Cuzick, se o consumo diário de aspirina durar dez anos, o risco de contrair cancro do intestino pode diminuir entre os 35% e os 40%. A aspirina pode reduzir os riscos de cancro do esófago e do estômago em 30%. No entanto, tomar uma aspirina todos os dias durante dez anos aumenta entre 2.2% e 3.6% o risco de hemorragias estomacais, especialmente entre a população com mais de 60 anos.

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Os derrames são o segundo risco a ter em conta. Na mesma medida, o consumo de aspirina durante dez anos reduz os ataques cardíacos em 18% e os derrames em 5%. Mas há riscos, até de morte por derrame, já que a aspirina pode agravar um AVC hemorrágico. O risco sobre 21%, nestes dez anos.

Todos os tipos de cancro sob os quais a aspirina pode ter um efeito benéfico têm origem no estilo de vida das pessoas — desde o cancro do pulmão, causado pelo tabaco, até ao cancro do esófago, que pode ter origens no consumo de álcool ou no excesso de peso da pessoa. Tomar uma aspirina, diz Cuzick, “não deve ser visto como uma razão para não mudar o estilo de vida”.

Cuzick também reconhece que, geralmente, as pessoas não se sentem confortáveis com o consumo de comprimidos durante um longo período de tempo. No entanto, “as pessoas são mais do que felizes quando tomam vitaminas durante muitos, muitos anos sem que haja uma evidência clara de um qualquer benefício”. “É uma questão de hábito”, acrescenta.