A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou um alerta preocupante, o surto de ébola que começou na Guiné-Conacri em fevereiro e desde então se espalhou à Libéria, Serra Leoa e Nigéria é muito maior do que aquilo que os números oficiais deixam perceber. “Os números estão amplamente subestimados”, revelou a OMS num comunicado, nesta sexta-feira.

Parece não haver forma de controlar o ébola no continente africano. E estes são os números subestimados: entre 25 de junho e 13 de agosto, os casos detetados cresceram 255%, o que significa um total de 2127 pessoas infetadas. Dessas, morreram 1145. O El País fez uma média a partir destes dados e concluiu que a cada dez dias há um aumento de 27% no número de pessoas afetadas pelo vírus.

Ainda que o epicentro da epidemia tenha sido detetado na Guiné-Conacri, o ritmo de contágio parece ter abrandado neste país e agora as atenções concentram-se principalmente na Libéria. “Se não estabilizarmos a Libéria, nunca estabilizaremos a região”, disse a presidente dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), Joanne Liu, citada pela BBC. Segundo esta organização, vai levar ainda algum tempo até que o surto seja controlado. Mais um número aproximado: pelo menos seis meses.

Entre os países mais afetados – Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria – foram encerradas as fronteiras e decretadas medidas internas de contenção. O que significa que quase um milhão de pessoas foram colocadas em zonas de quarentena. Apesar de estes Governos africanos tentarem apertar o cerco em torno do vírus, parece difícil contê-lo. O método de identificar e isolar possíveis doentes parece não estar a resultar, escreve o El País. Não resultou, pelo menos, no dia 20 de julho, quando um passageiro liberiano viajou de avião para o Lagos. Patrick Sawyer estava em observação porque a irmã tinha morrido de ébola, mas ignorou os médicos do seu país e viajou até à capital da Nigéria para participar numa reunião. Quando aterrou, foi identificado e levado para o hospital, não sem antes ter contacto com cerca de 70 pessoas. Dessas, 11 foram contaminadas com o vírus. Quatro morreram.

A Organização Mundial de Saúde já veio dizer que o risco de transmissão do ébola durante viagens aéreas é muito reduzido. A Kenya Airways rejeitou assim a pressão para suspender os voos para os países mais afetados do continente africano, conta a BBC.

O presidente da Serra Leo, Ernest Bai Koroma, pediu ajuda internacional. “Temos muito trabalho para fazer e precisamos de receber treino”, disse. Também a presidente liberiana, Ellen Johnson-Sirleaf, mostrou preocupação extrema pela situação: “Isto é muito, muito sério. Está perto de ser uma catástrofe. Precisamos de médicos e de toda a ajuda possível”. Tanto mais porque, como disse Johnson-Sirleaf, “este não é um problema da Guiné-Conacri, da Libéria ou da Serra Leoa. É um problema do mundo”.

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