Antes da chegada do verão o número de inscritos nos ginásios aumenta. Enquanto “sua em bica” o recém atleta mantém a ilusão que consegue perder peso na mesma proporção. Mas se suar não significa por si só que está a emagrecer, anime-se porque pode ter outra utilidade – como carregar a bateria de um telemóvel. O estudo, desenvolvido por uma equipa de investigadores da Universidade da Califórnia, foi apresentado na semana passada no 248º Encontro Nacional da Sociedade Americana de Química, em São Francisco.

Usar o resultado de uma atividade do corpo humano para produzir energia – seja pelo movimento do corpo ou usando glicose como o organismo – não é uma ideia nova, mas é a primeira vez que se pensa em usar a transpiração. Por enquanto o sensor desenvolvido consegue acumular apenas quatro microwatts, diz a investigadora responsável Wenzhao Jia, muito pouco quando comparada com a energia que precisa um relógio digital – dez microwatts. Mas os investigadores já estudam a possibilidade de amplificar a energia produzida pelo suor ou de tornar o sensor mais sensível ao lactato – a molécula responsável pela produção de energia nesta biobateria.

O pequeno sensor foi inicialmente criado para medir, nos atletas, os níveis de lactato (ou ácido láctico) – uma molécula produzida pelos músculos quando usam glicose para produzir energia na ausência de oxigénio. Analisar a quantidade de lactato que depois circula no sangue permite aos altetas e treinadores avaliar a condição física e os resultados do treino – quanto melhor o desempenho físico menor a quantidade de lactato. Quantificar o lactato permite também perceber qual o estado de saúde do coração e dos pulmões na população em geral, mas requeria sempre uma análise de sangue.

Este sensor, que se assemelha a uma tatuagem temporária, além de produzir energia, permite fazer uma avaliação regular de uma forma não invasiva, analisando a concentração no suor. Os investigadores verificaram, como seria de esperar, que as pessoas com menor condição física produziam mais lactato, logo seria possível produzir mais energia a partir da transpiração.

O lactato expelido pela transpiração é degradado por uma enzima existente no sensor, libertando electrões cujo movimento gera energia que pode ser usada em equipamentos para medir a frequência cardíada, em relógios e, conforme esperam os investigadores, em smartphones. Wenzhao Jia enumera as vantagens: “[Estas biobaterias] carregam mais depressa. São mais seguras porque não há o risco de explodirem ou libertarem químicos tóxicos. E usam uma fonte de energia renovável. Você”.

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