A Presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, decretou um recolher obrigatório a partir de quarta-feira e colocou dois bairros sob quarentena, incluindo um na capital, Monróvia, numa tentativa de conter o surto de Ébola.

“A partir de quarta-feira, 20 de agosto, entrará em vigor um recolher obrigatório entre as 21:00 e as 06:00 (entre as 22:00 e as 07:00 em Lisboa), declarou a Presidente da Libéria, num discurso à nação proferido na noite de terça-feira.

A Libéria é o país onde a epidemia do vírus Ébola já provocou o maior número de mortes — 466 num total de 1.229 registadas –, de acordo com o mais recente balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS).

“Todos os centros de lazer vão ser fechados. Todos os clubes de vídeo vão encerrar às 18:00”, ordenou a chefe de Estado.

O ministro de Informação liberiano, Lewis Brown, revelou, esta terça-feira, que foram encontrados os 17 doentes com Ébola que fugiram de um centro de isolamento em Monróvia, quando este foi atacado por um grupo de homens armados, no bairro de West Point.

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Este bairro, nos subúrbios da capital, e o de Dolo Town em Margibi (que tem Kakata como capital)ficarão sob quarentena e sob vigilância, conforme anunciado hoje.

A Presidente da Libéria declarou, a 06 de agosto, o estado de emergência, mas reconhece que nem o aumento dos esforços nem as medidas draconianas têm conseguido travar o avanço do vírus.

“Temos sido incapazes de controlar a propagação por causa da persistente rejeição, de tradicionais práticas culturais e inobservância e desrespeito pelos alertas emitidos”, afirmou.

O vírus Ébola transmite-se por contacto direto com sangue, fluidos ou tecidos de pessoas ou animais infetados, provocando febres hemorrágicas que, na maioria dos casos, se revelam fatais.

Não existe tratamento nem vacina, um cenário que faz do Ébola um dos mais mortais e contagiosos vírus para os seres humanos.

O Ébola tem fustigado o continente africano regularmente desde 1976, sendo o atual surto o mais grave desde então, com 1.229 mortos

Desde o início deste surto, em março, já foram registados 2.240 casos de infeção, o que levou a OMS a decretar, no dia 08 de agosto, o estado de emergência de saúde pública mundial.

Uma série de países da África ocidental já declararam também o estado de emergência e várias fronteiras foram encerradas.