Ganhar. É sempre obrigatório. Neste dia, porém, era mesmo. Culpa da esperança que, à última jornada, ainda dizia ser possível que o líder se distraísse. Bastava um empate além-fronteiras, uma vitória do lado de cá, e pronto — o Sporting era campeão. O que lhe competia, aconteceu. O Beleneses, então a mando de Jorge Jesus, foi a Alvalade perder. Mas o Nacional foi fazer o mesmo ao Dragão. Portanto, nada feito. O segundo lugar era verde e branco.

Assim se pintou a gravura, em 2007. Com Nani no meio. Aliás, com a última vez que o extremo do salto mortal a cada golo marcado aparecera, em Alvalade, com a camisola dos leões. Sete anos passam e cá está ele de novo. A gravura, claro, era outra. A vitória, essa, mantinha-se como obrigatória. Mas por outros motivos: agora, e face ao empate da primeira jornada, a urgência estava em não deixar os rivais (Benfica e FC Porto) fugirem com mais pontos.

A primeira falta do jogo foi sofrida por ele. O primeiro canto que criou perigo, marcou-o ele — passou a bola a Jefferson, que a cruzou para Fredy Montero a cabecear. O primeiro livre direto, com a baliza bem à vista, foi dele para bater (aos 13’). Os maiores aplausos ouvidos no estádio, também. Tudo Nani. Mas só até aos 25 minutos. Depois, murchou. Ele e a equipa, um Sporting que não foi por falta de oferendas que não imitava o que sucedera da última vez que o Arouca visitara Alvalade (goleada por 5-1).

Talvez fruto dessa lembrança, o Sporting começou a abrir: a bola corria rápido, os cruzamentos para a área sucediam-se e os ressaltos acabavam todos em pés leoninos. Ao fim dos tais 25 minutos, aliás, o Arouca só respirava o alívio do empate porque antes teve Goicochea na baliza, a parar dois remates de Montero. A partir daí, os leões deixaram de ameaçar. A bola ia, vinha e girava à vontade no meio campo dos anfitriões, onde nenhum homem do Arouca se atrevia a pressionar.

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A equipa de Pedro Emanuel encolhia-se na sua metade do campo e, aí, nada feito. O Sporting tentava, muito, mas as bolas deixaram de chegar a Montero, Nani e Carrillo. Os passes erravam-se mais vezes, as bolas perdidas apareciam e a paciência do Arouca era recompensado — os contra-ataques começavam a aparecer. E, num deles, aos 31’, um remate de Nildo, já dentro da área, obrigou Rui Patrício a ter trabalho para o defender.

Na segunda metade, a coisa melhorou. Porque Marco Silva, o homem do leme, arriscou. Uri Rosell, a sombra de William Carvalho na equipa, saiu do campo para entrar Carlos Mané, e a bola gostou. O miúdo juntou-se a Nani, ficou sempre perto dele e ambos foram tentando acelerar as jogadas dos leões. Os cruzamentos ainda eram muitos, mas as trocas de passe já andavam mais pelo centro do relvado. Até que, aos 62’, um penálti. A bola vai ao braço de Ivan Baliu, o espanhol não vê o segundo amarelo e a bola é posta a 11 metros da baliza.

E pronto, lá vem Adrien. O especialista, o Sr. Frieza nestes momentos, o médio que, na época passada, fez sete dos nove golos que marcou em penáltis. Mas não — quem pegou na bola foi Nani, o retornado. Não correu bem: o extremo partiu, fez a paradinha, rematou para a esquerda e Goicochea esticou-se. E sim, parou a bola. Aos 75’, quando foi substituído, chegou a banco de suplentes, sentou-se, soltou um palavrão e mostrou o quão insatisfeito ficou com a oportunidade falhada. “Foi um momento do jogo. Sentiu-se confiante e decidiu bater”, disse apenas Adrien, no final do jogo.

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Assim ficou Nani, após ser substituído e depois de falhar um penálti, aos 62 minutos.

Antes, quando Carrillo cabeceou fraco, e ao lado, uma bola cruzada por Nani, os leões tiveram uma hipótese. Depois do penálti, ainda teriam outras mais: Carlos Mané, na área, remataria contra o corpo de Baliu quando na baliza não estava Goicochea e, num canto, Maurício remataria a bola ao lado do poste direito. Agora sim, o Arouca estava encolhido. Os de amarelo uniam-se em torno da sua área, enquanto o Sporting trocava a bola, montava tabelas e multiplicava cruzamentos.

Pelo meio, só André Claro, num contra-ataque, conseguiu obrigar Rui Patrício a sacar uma defesa com o pé esquerdo. De resto, para o Arouca, foi defender, defender e defender em busca de um ponto. E foi quase, mesmo quase. Aos 93’, quando o árbitro já ia olhando uma e outra vez para o relógio, apareceu o golo. Por fim, um cruzamento era aproveitado. Neste caso de Jefferson, que enviou a bola para Carrillo a ganhar na área e a meter no pé direito de Tanaka, que a rematou ao poste. Oh não. Oh sim, respondeu Carlos Mané, que no ressalto a rematou par ao fundo da baliza.

Golo, 1-0, festejos por todo o lado e, sobretudo, alívio. De todos e de Nani, que via o seu regresso ser feito com uma vitória, a bem ou a mal. Não havia tempo para mais e o que sobrou foi para confirmar o resultado. O Sporting somou quatro pontos, fica a dois do FC Porto e garante que, no máximo ficará à mesma distância do Benfica, rival que visitará na próxima semana. Isso mesmo, às 19 horas de 31 de agosto há o primeiro derby da época. E se aí houver um penálti a favor, o que farão Nani e Adrien?