O ministro dos Petróleos de Angola assegurou esta quarta-feira que a produção petrolífera nacional está a “evidenciar uma recuperação”, após quebras no primeiro semestre, reafirmando o objetivo de atingir os dois milhões de barris por dia em 2015.

Para sustentar a posição, José Maria Botelho de Vasconcelos recordou que se iniciou em junho a produção no projeto CLOV (Bloco 17), no qual a operadora francesa Total estima atingir ainda este ano o pico de produção diária de 160 mil barris de petróleo. “Após alguns constrangimentos de caráter operacional registados em alguns blocos durante o primeiro semestre do corrente ano, a produção nacional de petróleo começa a evidenciar uma recuperação, impulsionada em grande medida pelo início de produção do Clov”, assegurou.

O ministro discursava em Luanda, na sessão de abertura da conferência anual da associação de produtores de petróleo e gás OGP (Oil & Gas Producers), que reúne 83 petrolíferas. No caso do CLOV, a 140 quilómetros ao largo de Luanda, deverá estar em operação durante vinte anos e conta com reservas estimadas de mais de 500 milhões de barris.

“Prevemos que esta tendência de retoma e crescimento da produção [nacional de petróleo] se mantenha, rumo ao objetivo traçado para 2015, que é atingir a produção de dois milhões de barris por dia, tendo em conta os projetos em curso”, enfatizou José Maria Botelho de Vasconcelos.

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A produção angolana de petróleo desceu para pouco mais de 1,5 milhões de barris por dia no primeiro semestre de 2014, com consequências nas receitas fiscais e no crescimento da economia angolana, cuja previsão tem vindo a ser sucessivamente revista em baixa. Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, atrás da Nigéria, representando esta atividade mais de 90 por cento das receitais fiscais angolanas.

De acordo com os dados apresentados pelo ministro angolano na abertura do seminário da OGP, “mais de 99%” da produção angolana de petróleo tem origem no ‘offshore’, enquanto cerca de dois terços são “provenientes de campos localizados em águas profundas e ultra-profundas, apresentado, portanto, enormes desafios e riscos”.

“Apesar das tecnologias de ponta empregue nas operações, e dos sofisticados sistemas de prevenção e de segurança utilizados, os incidentes acontecem”, apontou o governante, a propósito das questões de segurança nestas explorações, abordadas durante o seminário. “As perspetivas para a exploração e produção de petróleo e gás em Angola são positivas e animadoras tendo em conta a previsão do aumento dos investimentos em exploração, desenvolvimento e produção em áreas tradicionais, mas sobretudo no pré-sal, uma nova fronteira exploratória para o setor petrolífero angolano”, destacou José Maria Botelho de Vasconcelos.

O desafio do pré-sal – camada localizada abaixo de segmentações rochosas a grandes profundidades marítimas – surge “também por se tratar de um ambiente geológico complexo e que requer inovações tecnológicas a todos os níveis e com desafios ambientais enormes”, disse ainda o ministro dos Petróleos de Angola.