Depois do anúncio do presidente dos Estados Unidos a prometer uma luta feroz contra o Estado Islâmico na Síria, chegam agora os primeiras vozes contra. O governo sírio e os seus aliados de Moscovo e Teerão avisaram Barack Obama de que uma intervenção na Síria violará a lei internacional, avança o Guardian. O plano norte-americano prevê ataques aéreos em ambos os lados da fronteira com o Iraque.

“Qualquer ação, seja de que natureza for, sem o consentimento do governo da Síria será um ataque à Síria”, alertou o ministro para a Reconciliação Nacional, Ali Haidar. Ainda assim, o diário britânico adiantou que analistas acreditam que Bashar al-Assad ignorará os ataques contra alvos do Estado Islâmico e que até poderão cooperar de forma discreta.

“Será uma violação da lei internacional se os ataques atingirem apenas o Estado Islâmico, mas não serão vistos como uma agressão que implique retaliação”, explicou Jihad Makdissi, um antigo diplomata sírio.

Por outro lado, a oposição de Bashar está a favor desta investida norte-americana, que conta já com dez Estados árabes do seu lado — Arábia Saudita, Bahrain, Egito, Jordânia, Iraque, Kuwait, Líbano, Omã, Qatar e Emirados Árabes Unidos. A razão é simples: são adeptos da ideia de fazer mossa ao Estado Islâmico e, em simultâneo, a Bashar al-Assad. Por isso, consideram o plano dos EUA “apropriado”.

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Hadi al-Bahra, o líder da Coligação Nacional Síria (CNS), foi muito claro quanto às motivações do apoio a Obama. “[A CNS] está pronta e com vontade de cooperar com a comunidade internacional, não só para derrotar o Estado Islâmico mas também para o povo sírio se ver livre da tirania do regime de Assad.” Isto porque a guerra nas ruas sírias permance. O Exército de Libertação da Síria terá urgência em garantir armas antitanques e antimísseis em Reyhanli, na fronteira com a Turquia, admitiu um porta-voz da CNS.

“O presidente dos Estados Unidos falou diretamente sobre a possibilidade de ataques das forças armadas dos EUA contra o Estado Islâmico na Síria sem o consentimento do governo no poder”, disse um porta-voz do governo russo. “Este passo, na ausência de uma decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas, será um ato de agressão, uma total violação da lei internacional.” Já a China afirmou que o mundo deve lutar contra o terrorismo, mas recorda que a soberania nacional dos países deve ser respeitada.

Se as coisas no Médio Oriente parecem mais ou menos coordenadas, o Ocidente envia sinais contrários. Philip Hammond, o ministro dos Negócios Estrangeiros inglês, disse que o Reino Unido não iria atuar em conjunto com os Estados Unidos nos ataques aéreos, algo que seria desmentido rapidamente por Downing Street, que não coloca essa hipótese de lado. A Alemanha disse que não participaria.

O Pentágono está atualmente a identificar os potenciais alvos na Síria, admitiram ao Guardian fontes da Casa Branca. O peso militar no terreno aumentará igualmente: 475 soldados serão mobilizados para o Iraque. No lado diplomático da questão, John Kerry, o secretário de Estado norte-americano, tem apelado ao Kuwait e Qatar para travarem o financiamento da al-Qaeda e Estado Islâmico por parte dos seus cidadãos. A Arábia Saudita, que se ofereceu para treinar rebeldes sírios, já começou a fazê-lo e anunciou a detenção de vários alegados simpatizantes dos terroristas nas últimas semanas.