Os “desacordos sobre questões importantes” ainda persistem entre o Irão e as grandes potências do grupo “5+1”, que tentam negociar um acordo sobre o programa nuclear daquele país, declarou hoje um alto negociador iraniano.

“Depois de duas séries de negociações com os representantes europeus, as nossas posições não se aproximaram e desacordos sobre questões importantes continuam a existir”, declarou Majid Takht-Ravanchi, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e um dos principais negociadores iranianos.

Os negociadores iranianos e europeus (França, Reino Unido e Alemanha) do controverso programa nuclear do Irão trocaram impressões na quinta-feira em Viena, consideradas necessárias para a retomada das negociações com as grandes potências a 18 de setembro em Nova Iorque.

“Nós continuamos otimistas, mas o caminho ainda será longo”, declarou na quinta-feira o negociador iraniano Abbas Araqchi, no final da reunião.

Negociações similares realizaram-se este verão, depois da última sessão de negociação de formato “5+1” (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha) em Viena em julho. Na última semana, responsáveis norte-americanos e iranianos ainda se encontraram em Genebra durante mais de 20 horas para negociações bilaterais “aprofundadas e sobre os pontos críticos do dossiê”, segundo o Departamento de Estado norte-americano.

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A retomada das negociações em Nova Iorque a 18 de setembro entre o Irão e o “5+1” tem como objetivo chegar a um acordo final até 24 de novembro, data limite fixada em julho último.

A amplitude do programa de enriquecimento de urânio e o calendário para o levantamento das sanções internacionais fazem parte das principais divergências. Teerão quer ter a prazo um programa de enriquecimento de urânio de tamanho industrial, projeto que os ocidentais recusam.

Teerão quer multiplicar por dez a capacidade de enriquecimento mas os ocidentais pedem-lhe para reduzir o número de centrifugadoras para cerca de 4.000. O Irão possui atualmente 19.000 centrifugadoras, das quais 9.000 estão ativas.

Takht Ravanchi apelou de novo aos países do “5+1” para “respeitarem as linhas encarnadas” do Irão para permitir concluir um acordo que ponha fim a mais de dez anos de crise nuclear.

Teerão rejeita categoricamente as acusações ocidentais, afirmando que procurava fabricar a arma atómica.

Segundo Teerão, este programa visa exclusivamente produzir eletricidade.