Os gatos sofrem de stress porque os donos esperam que estes se comportem como cães. Quem é o diz é um especialista em comportamento animal, citado pelo britânico Telegraph. As pessoas que esperam que os gatos sejam completamente domesticados… podem continuar a esperar. A ideia de que estes animais queiram ser acariciados ou que gostem de partilhar o espaço onde vivem, como um cão, não é certa. John Bradshaw explica que o excesso de carinho não deixa um gato mais contente. — “Os donos não devem esperar o mesmo tipo de afeto que recebem dos cães”. 

O especialista, que é diretor do Instituto de Antrozoologia da Universidade de Bristol, argumenta, então, que as “exigências” dos donos resultam em manifestações de saúde física e mental nos referidos animais de estimação. Porque, ao contrário dos cães (repita-se), o gato ainda está a meio caminho entre o animal domesticado e o selvagem, razão pela qual “não está a desfrutar da vida no século XXI”. Só nas últimas décadas, argumenta Bradshaw, é que as pessoas têm esperado outro tipo de comportamento por parte do felino que têm por casa. Antes, a realidade era outra: ao gato cabia o papel de deixar as casas, quintas ou os fornecimentos alimentares livres de ratazanas e de ratos.

2nd December 1931:  A young exhibitor arrives with her kitten on a lead at the National Cat Club show at Crystal Palace, London.  (Photo by Fox Photos/Getty Images)

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No entanto, o facto que causa mais stress ao animal é a presença de outros companheiros da mesma espécie — “As pessoas têm mais do que um gato e esperam que eles se dêem bem, e estão a deixar os gatos lá fora, num bairro com outros gatos e cães”. Por oposição ao ser humano, que tem mais facilidade em dar-se com os vizinhos, isso não acontece com o amigo de quatro patas em questão. E, só porque dois gatos pertencem a um mesmo dono, isso não significa que eles sejam amigos; podem até viver na mesma casa, mas não no mesmo espaço.

Diz ainda Bradshaw que alguns investigadores mostram que esperar pelo gato, que este venha ter connosco e nos cumprimente, significa que ele vai passar mais tempo na nossa companhia. O mesmo não acontece no cenário oposto. “Os gatos têm outras coisas em mente”, diz, como o gato do vizinho ou os pássaros que vê da janela. E quem pensa que isso é falta de amor, desengane-se: “No geral, eles amam os donos, mas têm uma vida própria”. 

Mas nem tudo está perdido, até porque estes companheiros podem ser treinados (até certo ponto), embora o dono não possa contar com o afeto ou com a aprovação para o fazer. Alguns exemplos? Num cenário que implique uma mudança de morada, deixe o seu gato até três semanas na nova casa — eles criam laços com os espaços; aquele com o dono é secundário. Só depois pode deixá-lo sair, gradualmente e com supervisão. E para que o gato deixe de agir de forma errada, borrife-lhe um pouco de água, embora seja importante que associe a água ao que está a fazer de mal.

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