A Polícia de Segurança Pública está “atenta” a um meet organizado por nacionalistas agendado para dia 27 de setembro, às 15 horas, no Martim Moniz. O local é conhecido pela heterogeneidade de culturas, o que aliado ao anúncio da presença de um grupo rival no mesmo local, à mesma hora, poderá colocar em causa a segurança do espaço, moradores e trabalhadores.

O meet é organizado pelo Partido Nacional Renovador, que se diz contra o “modelo multicultural implementado por António Costa” no Martim Moniz. João Pedro Amaral, vice-presidente do partido, disse ao Observador que os participantes não levarão bandeiras nem faixas e que não estarão identificados. “Não é uma afronta a ninguém”, disse.

“Sobre os meets já falámos. Não alimentamos essas ações”, começou por dizer fonte da PSP. “Naturalmente estamos atentos. Tudo faremos para que todos tenham as condições para fazer o que lá vão fazer. Temos de garantir que temos recursos para qualquer situação.”

“Na ausência de um aviso prévio, que é o que acontece nas manifestações, e no caso de estarem reunidas 30, 40, 100 pessoas, vamos ao local e identificamos o promotor da ação”, explicou a fonte da PSP.

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A mesma fonte não quis comentar se este é, ou não, considerado um cenário de alto risco. Segundo a convocatória, promovida através do Facebook, foram convidadas 3.700 pessoas e 235 já confirmaram a presença no Martim Moniz, no próximo sábado. Por outro lado, a tal reunião que visa contestar esta ação já conta com mais de 100 participantes. Muitas vezes estas confirmações em eventos do Facebook não correspondem à realidade, pois pretendem apenas transmitir solidariedade, mas existe a possibilidade de estarem presentes no local entre 200 e 400 pessoas.

Hoje, em entrevista ao Público, o historiador Riccardo Marchi afirma que este tipo de meet “é o clássico” e que se baseia sobretudo no discurso anti-imigração. “O PNR vem poucas vezes a público e quando vem é com o discurso da insegurança que associa à imigração”, explicou.

O facto de o PNR ter quase duplicado os seus votos nas eleições europeias entre 2004 e 2014 — de 8.405 votos para 15.013 — não merece a preocupação do investigador. “Se em dez anos são estes os resultados que conseguiram alcançar, não podemos dizer que há uma questão de extrema-direita em Portugal. Não há”, garante.

O Observador tentou contactar o outro grupo que estará presente no local, à mesma hora, mas não teve sucesso.