Os clientes do Novo Banco que investiram em obrigações de longo prazo do antigo Banco Espírito Santo vão ser os primeiros a reaver de alguma forma o dinheiro investido. Eduardo Stock da Cunha vai propor a conversão dessas obrigações em depósitos a prazo, que poderão ser mobilizados pelos clientes dentro de um ano, avançam esta sexta-feira o Jornal de Negócios e o Diário Económico. A solução foi encontrada em acordo entre o Novo Banco, o Banco de Portugal e a CMVM.
Em causa estão as obrigações não subordinadas de muito longo prazo que foram emitidas pelo próprio banco e transferidas para o Novo Banco depois da divisão do BES em banco bom e banco mau. Estas obrigações foram protegidas, na altura, juntamente com os depósitos dos clientes. Segundo o Económico, a solução que Stock da Cunha se prepara para apresentar passa, primeiro, pela venda das obrigações no mercado. Depois, se o valor resultante da venda for inferior ao valor investido pelos clientes, será feito o reembolso da diferença através de dois depósitos a prazo.
O primeiro diz respeito ao valor da venda e terá um prazo de 36 meses – o montante, que terá uma taxa de juro média de 2,71% não pode ser transacionado nos primeiros 12 meses. O segundo depósito terá uma maturidade de 10 anos e o dinheiro também não pode ser mexido durante o primeiro ano. Este terá uma taxa de juro mais alta, de 4,25%. Se resultar, esta solução permitirá resolver um dos primeiros impasses causados pelo colapso do BES.
O passo seguinte, escreve o Negócios, será procurar uma solução que permita resolver o problema dos clientes de retalho que investiram em papel comercial do Grupo Espírito Santo.
As obrigações do BES em que os clientes do banco investiram foram realizadas no âmbito de “um esquema de financiamento fraudulento”, acusou na altura o governador do Banco de Portugal, descoberto depois do afastamento de Ricardo Salgado. Em causa estavam obrigações emitidas pelo banco que davam um balão de oxigénio ao Grupo Espírito Santo, porque representavam dívida do grupo não assumida. As obrigações foram vendidas a clientes nos balcões do antigo BES por montantes superiores ao do valor de emissão.