Miguel Arias Cañete, o nomeado espanhol para a comissão Juncker, está a enfrentar uma onda de protestos. O ex-ministro da Agricultura do governo de Mariano Rajoy tem interesses financeiros exatamente na área que deverá tutelar nos próximos cinco anos: Energia e Clima. Mesmo depois de ter vendido as participações em empresas petrolíferas, os eurodeputados de esquerda não estão convencidos e uma petição online já reuniu mais de 300 mil pessoas contra a sua entrada na nova Comissão Europeia.
A audição de Cañete, onde vai ser questionado durante três horas pelos eurodeputados de vários grupos políticos das comissões de Indústria e Energia – nenhum eleito português vai intervir neste questionário -, começa às 18h de Bruxelas, 17h de Portugal (pode seguir aqui), mas nas ruas da capital belga, o partido sensação das eleições europeias em Espanha, o Podemos, organizou uma manifestação em cooperação com várias organizações ambientais.
As críticas ao espanhol têm vindo a subir de tom nas últimas semanas devido ao seu envolvimento com a indústria petrolífera e as suas participações em empresas do sector. A petição online tem o título “Um Petrolhead (ou cabeça de petróleo) como próximo comissário do Clima?” e alega que uma semana depois das várias marchas em todo o mundo pela energia limpa, a Europa não pode ter um “barão do petróleo” neste cargo de topo.
Esta oposição levou a que, tal como Observador já tinha noticiado, renunciasse a participações de milhares de euros em algumas empresas petrolíferas espanholas – tanto a Ducar como a Petrologis, duas empresas petrolíferas que foram fundadas pela sua mulher. Cañete terá ainda parte de um dos maiores concessionários automóveis em Espanha.
No Parlamento Europeu, 100 eurodeputados – entre eles a eurodeputada do Bloco de Esquerda, Marisa Matias – assinaram um manifesto intitulado #StopCanete em que alegam que o comissário indigitado tem um passado de conflito de interesses e que a sua nomeação é “infeliz”. Tanto a Esquerda Europeia Unida como os Verdes Europeus pretendem chumbá-lo e o Observador sabe que esses eurodeputados vão ainda enviar uma carta a Juncker a alertá-lo para a necessidade de remover Cañete da equipa da próxima Comissão.