Entre ‘bips’ desafinados vai-se ouvindo a pergunta “quer saco?” Se a resposta for afirmativa já sabemos que, na maioria dos supermercados portugueses, vai ouvir um “são dois cêntimos”.
Este tema está a tornar-se muito polémico: deve ou não pagar-se pelos sacos de plástico? E deve ou não haver a disponibilização de sacos de plástico? A Califórnia respondeu não e não. Não se deve pagar pelos sacos porque esses não devem existir.
Foi pela mão do governador Jerry Brown que foi assinada a lei que proíbe o uso de sacos de plástico nos supermercados, mercearias e outros locais de vendas a retalho. “Esta reforma é o passo na direção certa, pois diminui o número de sacos de sacos de plástico que polui as nossas praias, parques e até o oceano”, disse o governador. “Somos os primeiros a banir os sacos, mas não havemos de ser os últimos.”
Não foi muito o tempo que Jerry Brown teve sem reações à proibição. Não se passaram muitos minutos da assinatura da lei até a Aliança Progressiva dos Sacos Americanos começar recolher assinaturas para reverter a lei em 2016 através de referendo. Justificaaram-no dizendo: “A nossa pesquisa confirma que a maioria dos californianos está contra este lei que proíbe os sacos de plástico reciclável, mas que permite que se cobrem mais taxas noutro tipo de sacos. Isto foi um acordo assinado entre as mercearias e os sindicatos, um esquema para burlar os consumidores em milhões de dólares sem qualquer investimento público desse dinheiro – e tudo com a desculpa do ambientalismo.”
Implementar esta lei não será fácil uma vez que as suas consequências vão afetar várias lojas e indústrias. Tudo porque a partir de agora os consumidores vão ter uma escolha: ou comprar um saco reutilizável ou pagar, no mínimo, dez cêntimos por um saco de papel ou por um carrinho de plástico duro.
Os principais opositores da lei não têm sido os lojistas e os vendedores, mas sim as empresas de sacos que dizem que a taxa de 10 cêntimos representa um custo injustificado. E dos deputados da oposição, que argumentam que se trata apenas de mais que um esquema para se faturar um imposto, sem que o seja. Por outro lado, os grandes apoiantes desta reforma são os centros de reciclagem que alertam ser muito dispendioso ter colaboradores para retirar os sacos de plástico que estavam nos lixos indevidos.
O desaparecimento dos sacos de plástico da Califórnia vai acontecer de forma gradual. Até julho de 2015 serão os balcões de pagamento dos grandes postos de venda; depois, até julho de 2016, será a vez das lojas mais pequenas. Estes prazos foram estabelecidos de maneira a acabar com os sacos que as lojas tiverem em stock.
Não admira que esta lei gere tanta polémica uma vez que o próprio homem que lhe traçou os contornos, e que acredita que a população só precisa de habituação, diz: “Eu sou o primeiro a admitir que se o meu jornal ficar molhado de manhã vou ficar irritado. Há sítios onde os sacos de plástico vão continuar a ser necessários.”