Ao final da tarde de segunda-feira, os pais estiveram de vigília à porta do estabelecimento de ensino, de onde seguiram em manifestação até à Junta de Freguesia de Benfica, empunhando balões negros, “símbolo de luto pela situação”, assim como uma faixa com os dizeres: “Não ao despedimento coletivo e destruição da CAF pela Junta de Freguesia de Benfica”, ao mesmo tempo que gritavam: “Como qualquer pai preocupado, queremos estar em todo o lado”.

Felisberto Pereira, presidente da Associação de Pais da Escola Básica Jorge Barradas, disse à agência Lusa que a ação surge no seguimento da “falta de acordo entre os pais e a Junta de Freguesia de Benfica, que este ano ficou a gerir a CAF”.

“Os pais não aceitam, de forma nenhuma, que uma entidade, seja ela qual for, entenda que deve tomar conta da educação dos nossos filhos e que, simplesmente, ponha os pais de parte, sem hipótese de conversações ou de tentar encontrar um ponto de equilíbrio”, frisou o mesmo responsável.

A CAF serve de complemento de horário ao período de aulas, funcionando das 08:00 às 09:00 e das 17:30 às 19:00, com cerca de 135 dos 300 alunos da Escola Básica Jorge Barradas.

Criada há 20 anos e gerida desde então pela Associação de Pais, através de um protocolo celebrado anualmente com o município, este ano letivo 2014/15, a CAF passou a ser da responsabilidade da Junta de Freguesia de Benfica.

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Organizada pela Associação de Pais da Escola Básica Jorge Barradas, a manifestação de hoje pretendeu “alertar as entidades públicas de que não faz sentido as posições unilaterais que têm e que não faz sentido colocarem de parte a este processo de educação das crianças as pessoas que melhor sabem o fazer, que são os pais”.

“Os pais querem e têm o direito de intervir diretamente na educação dos seus filhos”, frisou Felisberto Pereira.

Presente no protesto, Sónia Rocha é uma das mães descontentes com a transferência da gestão do CAF para a Junta de Freguesia de Benfica, tendo retirado a filha do complemento horário.

“O CAF deixou de ter as pessoas em quem eu confiava, com as quais estaria descansada para ir trabalhar e deixar a minha filha na escola, por isso optei por tirá-la desse período de tempo. Agora vem a avô busca-la às 17:30”, disse.

De acordo com o presidente da Associação de Pais da Escola Básica Jorge Barradas, “já houve alguns pais a retirarem os filhos da CAF, mas a maioria não o pode fazer porque não têm alternativas onde deixar os filhos”, referiu.

Maria Pinto, auxiliar educativa há 18 anos no CAF na Escola Básica Jorge Barradas, está agora sem desempenhar funções porque a Junta de Freguesia “contratou novas monitoras a recibos verdes”, segundo relatou à agência Lusa.

“Ainda somos funcionárias da Associação de Pais até que decidam o que fazer connosco, mas gostava de continuar a exercer a minha função […] tenho medo de ir para o desemprego”, desabafou.

Na última quarta-feira, a Junta de Freguesia informou a associação, através de email, de que, devido a “profundas divergências nas funções e competências inerentes às duas entidades”, iria encerrar as negociações, iniciadas em julho, e assumir o funcionamento desta CAF “integralmente com colaboradores” da autarquia.

Na mesma mensagem, a Junta reiterou o “propósito, de manter a atual equipa de monitoras”, quatro colaboradoras e uma coordenadora, que até agora tinham vínculo com a associação de pais, mas para isso, teriam de ser contratadas pela autarquia.

Estas terão de decidir até terça-feira se assinam ou não contrato com a Junta.