A receita angolana com a exportação de petróleo atingiu os 17,5 mil milhões de euros entre janeiro e setembro, uma quebra a rondar os 3,7 mil milhões de euros face ao período homólogo de 2013.

A informação, compilada hoje pela Lusa, resulta de dados disponibilizados pelo Ministério das Finanças angolano, referente às receitas ordinárias do setor petrolífero, e tendo em conta taxa de câmbio atual.

Em nove meses, Angola exportou 443,9 milhões de barris de petróleo, número que contrasta com os 473,9 milhões do mesmo período de 2013, que então representou 21,2 mil milhões de euros em receitas fiscais.

Além da quebra da produção, essencialmente no primeiro semestre, a diminuição das receitas é justificada igualmente com a redução do preço internacional do barril de crude. Em setembro de 2013 o barril de petróleo chegou a ultrapassar os 110 dólares (86.8 euros) no mercado internacional, valor que um ano depois desceu para 98,21 dólares (77,56 euros).

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Dados que confirmam a preocupação transmitida a 03 de outubro pelo ministro das Finanças de Angola, Armando Manuel, que admitiu a necessidade de o país encontrar alternativas à “volatilidade” das receitas petrolíferas, nomeadamente face à baixa da cotação internacional do barril do crude.

“Analisámos o quadro atual do mercado internacional, onde se assiste a uma baixa do preço do petróleo, fruto de um aumento da produção e com destaque aos Estados Unidos da América, que se torna hoje num exportador líquido”, disse o ministro.

De acordo com Armando Manuel, a evolução internacional está a ser acompanhada de perto, o mesmo acontecendo na definição de alternativas internas.

“Isso vem despertando ao Executivo um olhar redobrado ao potencial doméstico, à necessidade de elevar o peso da receita não petrolífera”, acrescentou o governante.

Uma das soluções, neste cenário, passa por elevar, “de forma pujante”, a produção de alimentos em Angola, para “contrapor” aos cerca de 3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) de importação de alimentos.

A produção petrolífera em Angola – segundo maior produtor da África subsaariana – representou 76% das receitas fiscais angolanas em 2013.

Quanto ao preço do crude, embora atualmente aquém do valor perspetivado pelo Governo para as exportações de petróleo, o ministro das Finanças sublinhou que essas vendas foram feitas, em termos médios, a 105 dólares por barril, entre janeiro e agosto.

Esse valor possibilitou adquirir “importantes reservas que permitirão acudir aos períodos de queda do preço de petróleo a níveis abaixo do patamar de referência fiscal”, enfatizou, no início do mês, o ministro angolano.