O secretário de estado da Justiça britânico, Chris Grayling, pretende introduzir alterações à legislação do Reino Unido de modo a que as pessoas que exerçam violência psicológica ou façam ameaças a outras através da internet passem a ser punidas com penas até dois anos de prisão. A atual lei britânica prevê que a moldura penal para estes crimes vá, no máximo até seis meses de prisão.

“Estes trolls da internet são cobardes que estão a envenenar a nossa vida nacional”, disse Grayling ao jornal Mail on Sunday. Os trolls a que o responsável se refere são pessoas que utilizam linguagem ofensiva, sexualmente provocatória ou ameaçadora nas redes sociais, em blogues ou fóruns da internet. “Temos de enviar uma mensagem clara: quem trolla [ou seja, quem comete os atos descritos acima] corre o risco de ir parar atrás das grades por dois anos”, afirmou.

A decisão de Grayling surge na sequência de um caso que gerou muita polémica no Reino Unido e que envolve a apresentadora de televisão Judy Finnigan, que esta semana considerou que o antigo futebolista Ched Evans poderia regressar à prática do futebol, uma vez que o crime que cometeu foi “não violento”. Evans foi condenado em 2012 a cinco anos de prisão por ter violado uma mulher de 19 anos, que o tribunal considerou estar demasiado embriagada para consentir o ato sexual. Já este ano, o ex-clube de Evans anunciou que, assim que o jogador saísse da prisão, iria voltar a jogar com as cores do Sheffield United, o que originou muita indignação – que levou 150 mil pessoas a assinar uma petição contra essa possibilidade.

Perante as declarações de Judy Finnigan num programa de televisão, a sua filha, Chloe Madeley recebeu ameaças de violação através do Twitter, às quais respondeu com um extenso texto onde defende a revisão da lei em que Grayling quer agora mexer.

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https://twitter.com/MadeleyChloe/status/523581949064261635

“Como o terrível caso de Chloe Madeley mostrou”, disse Grayling, “as pessoas estão a sofrer abusos online da forma mais crua e degradante”.

“Ninguém permitiria tal veneno pessoalmente, por isso não deve haver lugar para ele nas redes sociais. É por isso que estamos determinados em quadruplicar a atual pena de seis meses”, considerou o governante, que afirma que esta lei “é para combater a crueldade” na internet.